19. A CATEQUESE E O PERDÃO
Tanto no campo quanto nas cidades brasileiras, temos visto cenas de violência. Nada justifica a violência. Mas uma coisa é alguém ser levado a praticar, por exemplo, um pequeno furto por motivo de fome; outra coisa são as mentes doentias, sádicas, que se comprazem na maldade ou os gananciosos que extorquem o dinheiro público. É impressionante como se rouba o dinheiro do povo no Brasil! Muitas vezes o famélico vai para a prisão e o poderoso permanece livre.
Ora, ninguém nasce malfeitor. Por mais que nossa natureza seja imperfeita, o ser humano é fundamentalmente polarizado no bem. O mal entra na nossa história como uma imperfeição que pode ser superada. Nenhuma pessoa é incapaz de produzir bons frutos. Só que a virtude precisa de uma terra fértil para florescer. Pais, irmãos, professores, amigos, a comunidade de fé podem ser essa terra boa onde se lança a semente. Mas os meses ou anos da catequese podem ser a mais propícia ocasião para o cultivo da semente: começa produzindo, pequenos frutos e logo há de se multiplicar num pomar – a sociedade -, na massa em que devemos ser fermento do amor e da paz.
Quando, na nossa vida, formos confrontados com o mistério do mal, a catequese cristã deverá ter-nos ensinado a não retribuir a ofensa material ou moral com o espírito da vingança (a forma mais primitiva, selvagem, de procurar reparação). Foi o que ensinou Paulo (Rm 12,21): “Ninguém deve resistir ao mal com o mal, mas deve vencer o mal com o bem”.
O perdão tem limites? Jesus foi claro: perdoar... até setenta vezes sete (Mt 18,22). Mas não devemos confundir o perdão humano e cristão com o perdão judicial, que é a remissão total ou parcial, mediante a pena (corretiva, medicinal), para a perfeição do ato de justiça. O roubo do dinheiro público, para retomar o exemplo anterior, só será perdoado quando a importância for restituída. O Papa Bento XVI, na última mensagem para o Dia Mundial da Paz, foi enfático: “sem justiça não há paz, mas não há justiça, sem perdão”.
DOMINGOS ZAMAGNA
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
MARCADOR: “ANO CATEQUÉTICO”
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