terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium”, do Papa Francisco


A missionariedade é o coração do texto, em que o Papa convida todos os fiéis cristãos a uma nova etapa evangelizadora, caracterizada pela alegria. Trata-se de cinco capítulos: “A transformação missionária da Igreja”, “Na crise do compromisso comunitário”, “O anúncio do Evangelho”, “A dimensão social da evangelização” e “Evangelizadores com espírito”. O que mantém unido todas essas temáticas é o amor misericordioso de Deus, que vai ao encontro de cada pessoa. O que o Papa nos indica, no fundo, “é a Igreja que se faz companheira de percurso dos nossos contemporâneos na busca de Deus e no desejo de vê-lo”. “A alegria do evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus”: assim inicia a Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” com a qual o Papa Francisco desenvolve o tema do anúncio do Evangelho no mundo de hoje. Papa nos convida a “recuperar a frescura original do Evangelho”, encontrando “novas formas” e “métodos criativos”, a não aprisionarmos Jesus nos nossos “esquemas monótonos” (11). Precisamos de uma “uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como elas são” (25) e uma “reforma das estruturas” eclesiais para que “todas se tornem mais missionárias” (27).

Sinal de acolhimento de Deus é “ter por todo lado igrejas com as portas abertas” para que aqueles que estão à procura não encontrem “a frieza de uma porta fechada”. “Nem mesmo as portas dos Sacramentos se deveriam fechar por qualquer motivo”. Assim, a Eucaristia “não é um prêmio para os perfeitos, mas um generoso remédio e um alimento para os fracos. Estas convicções têm também consequências pastorais que somos chamados a considerar com prudência e audácia” (47). Reafirma de preferir uma Igreja “ferida e suja por ter saído pelas estradas, em vez de uma igreja … preocupada em ser o centro e que acaba prisioneira num emaranhado de obsessões e procedimentos. Se algo nos deve santamente perturbar … é que muitos dos nossos irmãos vivem “sem a amizade de Jesus (49). Exorta a não se deixar levar por um “pessimismo estéril ” (84 ) e a sermos sinais de esperança (86) aplicando a “revolução da ternura” (88). E’ necessário fugir da “espiritualidade do bem-estar” que recusa “empenhos fraternos” (90) e vencer a “mundanidade espiritual”, que “consiste em buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana” (93). Sublinha a necessidade de fazer crescer a responsabilidade dos leigos.

Abordando o tema da inculturação, o Papa lembra que “o cristianismo não dispõe de um único modelo cultural” e que o rosto da Igreja é “multiforme” (116). O anúncio do Evangelho deve ter características positivas: “proximidade, abertura ao diálogo, paciência, acolhimento cordial que não condena” (165).
Falando dos desafios do mundo contemporâneo, o Papa denuncia o atual sistema econômico: “é injusto pela raiz” (59). A família – continua o Papa – “atravessa uma crise cultural profunda” ” Reafirmando “a contribuição indispensável do matrimônio para a sociedade” (66), sublinha que “o individualismo pós-moderno e globalizado promove um estilo de vida … que perverte os vínculos familiares” (67).

O Papa Francisco reafirma “a íntima conexão entre evangelização e promoção humana” (178) e o direito dos Pastores “para emitir opiniões sobre tudo o que se relaciona com a vida das pessoas” (182). “Para a Igreja, a opção pelos pobres é uma categoria teológica” antes de ser sociológica. “Por isso peço uma Igreja pobre para os pobres. Eles têm muito a ensinar-nos” (198). “Até que não se resolvam radicalmente os problemas dos pobres … não se resolverão os problemas do mundo” (202).

O Papa nos convida a cuidar dos mais fracos e faz um apelo para o respeito de toda a criação: “somos chamados a cuidar da fragilidade das pessoas e do mundo em que vivemos” (216). “A evangelização também implica um caminho de diálogo”, “o diálogo inter-religioso”.

O último capítulo é dedicado aos “evangelizadores com o Espírito”, que são aqueles “que se abrem sem medo à ação do Espírito Santo”, que “infunde a força para anunciar a novidade do Evangelho com ousadia (parresia), em voz alta e em todo tempo e lugar, mesmo contra a corrente” (259). Trata-se de “evangelizadores que rezam e trabalham” (262), na certeza de que “a missão é uma paixão por Jesus, mas, ao mesmo tempo, é uma paixão pelo seu povo” (268): “Jesus quer que toquemos a miséria humana, que toquemos a carne sofredora dos outros” (270). “Na nossa relação com o mundo – esclarece o Papa – somos convidados a dar a razão da nossa esperança, mas não como inimigos que apontam o dedo e condenam” (271). “Pode ser missionário – acrescenta ele – apenas quem se sente bem na busca do bem do próximo, quem deseja a felicidade dos outros” (272): “se eu conseguir ajudar pelo menos uma única pessoa a viver melhor, isto já é suficiente para justificar o dom da minha vida” (274). O Papa convida-nos a não desanimar perante as falhas ou escassos resultados, porque a “fecundidade muitas vezes é invisível, indescritível, não pode ser contabilizada”; devemos saber “apenas que o dom de nós mesmos é necessário” (279). A Exortação termina com uma oração a Maria, “Mãe da Evangelização”. “Existe um estilo mariano na atividade evangelizadora da Igreja. Porque sempre que olhamos Maria voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do afeto” (288)   

Fonte: pt.radiovaticana.va

Tatiane Bittencourt

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