ANO CATEQUÉTICO

18. A CATEQUESE E A SANTÍSSIMA TRINDADE

Apesar de tanta crise, vivemos numa época de muitas realidades positivas, e algumas até nos entusiasmam. Entretanto, não obstante a retórica contrária, nosso mundo ainda privilegia o individualismo e fomenta desuniões, radicalismos, polarizações, maniqueísmo. Chegamos a ponto de abandonar o entendimento e a tolerância e recorrer à irracionalidade da guerra.

A reflexão sobre Deus nos conduz ao centro do mistério cristão, a Santíssima Trindade. A Igreja sempre nos ensinou que Deus é participação, amizade, solidariedade; é família, é comunhão de pessoas.

Convivemos com muitas coisas que nos parecem imprescindíveis; no entanto, se formos lucidamente críticos, reconheceremos que muitas delas são vergonhosamente supérfluas. É importante, portanto, refletir hoje sobre o único essencial, o único indispensável, aquilo que existe de mais amavelmente crível: Deus é uno e trino!

Certa catequese nos distraiu, levando-nos a transformar a Santíssima Trindade num quebra-cabeça aritmético, distante, sem nenhuma contribuição para a vida de fé. A renovação espiritual propiciada pelo Vaticano II nos fez retomar o foco: adoramos a Santíssima Trindade que está muito próxima de nós, vive no coração das pessoas e das comunidades e nos leva a viver em seu próprio seio.

Nada é tão tradicional e nada é tão novo e proveitoso quanto esta pregação da Igreja: Deus estreita as distâncias infinitas e vem morar no coração da família humana. Deus é comunhão e participação, e o que ele é na sua mais profunda intimidade quer que nós também sejamos, ao atuarmos como construtores da comunhão das pessoas pela prática do amor evangélico.

Ele amor é transformador, é fecundo: quanto mais ele existir, menos espaço haverá para o individualismo e o isolacionismo e mais espaço haverá para as estruturas de participação e comunhão.

DOMINGOS ZAMAGNA

TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”

MARCADOR: ANO CATEQUÉTICO