Jesus alertou os discípulos para tomarem cuidado com os doutores da lei, que gostavam de aparecer e ocupar os melhores lugares, explorando as viúvas e disfarçando tal injustiça com longas orações. Trata-se de alerta atual para não se deixar enganar ou explorar por pessoas que, em nome da religião, cometem os maiores desatinos afim de satisfazer ao próprio desejo de poder, prestígio e riqueza.
As injustiças disfarçadas de religião, de fato, estão entre as coisas mais abomináveis que podem existir, pois transformavam Deus em instrumento de exploração e privam os ser humano de sua dignidade.
E não é à toa que Jesus chama a atenção para as viúvas, que representavam naquele tempo as pessoas mais indefesas da sociedade. Em atitude oposta à dos que exploravam os outros em nome da religião e ofertavam o supérfluo, a viúva explorada, ao depositar duas moedinhas, entregou no templo tudo o que tinha para viver.
Essa atitude da viúva, de total confiança em Deus, é a única coisa boa que Jesus encontra em Jerusalém. Mas, ao elogiá-la, Jesus como que lança para nós uma pergunta: a religião tem direito de tirar de uma pobre viúva o pouco que lhe resta?
Deus não precisa do nosso dinheiro. As ofertas que fazemos, em forma de dízimo ou outras doações, consideradas ofertas “para Deus”, concretamente se destinam tanto a manter o bom funcionamento da comunidade ou paróquia como a ajudar os mais necessitados com projetos sociais específicos. É algo que fazemos com fé, e só Deus pode medir o espírito de participação e compromisso com que ofertamos.
Sempre encontraremos alguém mais pobre (e Jesus diria: mais generoso) que nós, a mostrar algo mais que poderemos ser e fazer pelos outros e a despertar em nossa consciência uma atitude religiosa que verdadeiramente agrade a Deus. A atitude de quem oferece o essencial da preocupação e do compromisso com o projeto de Deus, que é o bem de todo o seu povo. Quanto nos doamos com o que doamos?
Pe Paulo Bazaglia, ssp
Fonte: Folheto O DOMINGO
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