sexta-feira, 1 de julho de 2011

Como fazer uma catequese mistagógica?


A onda da mistagogia surgiu a partir da constatação de que a catequese precisa ajudar a pessoa a fazer o seu encontro com Deus, a sua experiência de um Deus que é mistério. O processo catequético não tem como finalidade ensinar doutrina e gerar conhecimento. Ele precisa ajudar a pessoa a mergulhar no mistério de Deus. Nossos catequistas, na melhor das hipóteses, estavam preparados para ensinar coisas. Mesmo a pregação da Igreja é muito didática, no sentido de ser sempre uma tentativa de ensinar, de falar à razão. Mas a sede do sagrado leva as pessoas a buscar o mistério de Deus, ou o Deus que é mistério. Mistério não se ensina e nem se aprende. Não é uma incógnita cuja resposta é encontrada, nem um enigma a ser decifrado. O mistério não é para ser resolvido, pois ele não é um problema.  É para ser contemplado, experimentado, vivenciado.
Mas como ajudar os catequizandos nesse processo mistagógico? Os catequistas logo entenderam que era preciso rezar mais com os catequizandos, apagar as luzes, fazer momentos de silêncio, cantar refrões meditativos – os hoje chamados mantras, que parecem vir da cultura oriental.
Tudo isso ajuda a experimentar o mistério de Deus. Mas, além disso, pensamos que a mistagogia deve conduzir a catequese a se renovar, não somente criando momentos mais orantes e celebrativos, mas também adotando uma metodologia menos dirigida ao intelecto e mais voltada ao coração das pessoas. É o mesmo que dizer que a catequese deve ser encontro e não aula. As reflexões devem conduzir não exatamente ao aprendizado da doutrina, ou não somente a isto, embora aprender também seja importante, mas à contemplação da beleza do evangelho de Cristo, que nos revela a infinita bondade de Deus. O processo mistagógico leva a vivenciar antes mesmo de compreender tudo. É mais ou menos o que fez Jesus ao lavar os pés dos discípulos. Jesus não ensinou uma doutrina. Ele fez um gesto. Os discípulos vivenciaram, contemplaram. Pedro até se sentiu meio constrangido. E não só Pedro. Todos ficaram meio intrigados. Aí Jesus lhes perguntou: “Compreendeis o que vos fiz?” (Jo 13, xx). E eles disseram que não. Então Jesus lhes explicou que eles deveriam fazer o mesmo que ele fez. Eles, certamente, contemplando o mistério, guardaram no coração o significado daquela experiência. O gesto de Jesus foi um gesto mistagógico, no melhor sentido.

 Textos da professora Solange Maria do Carmo em parceria com o Pe Orione Silva e que serão publicados em formato de um livro, pela editora Paulus, com o título Catequese permanente: fundamentos e organização.

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