sexta-feira, 15 de julho de 2011

Como fazer uma catequese narrativa?


Outra moda recente é a da catequese narrativa. Alguém andou dizendo por esse Brasil que a catequese precisa ser mais narrativa. Esse é um conceito mais difícil de entender. Tem a ver com a hermenêutica das Sagradas Escrituras. A idéia básica é que a Bíblia é a narração da experiência do povo de Deus. A catequese será mais narrativa se for uma atualização da Palavra de Deus, que outrora iluminou a vida de outros povos e hoje deve iluminar a nossa vida. Para que isso aconteça, o mesmo evangelho de outrora precisa ser narrado hoje, transmitido hoje, de modo a nos interpelar, ou seja, de modo a provocar em nós uma reação de adesão à boa nova anunciada. O evangelho de Cristo não é algo distante de nossa realidade. Mas, dependendo da forma como for apresentado, pode parecer coisa distante, que não muda em nada a nossa vida. A narratividade da catequese está na forma envolvente de se apresentar a boa-nova. 
Isso nem sempre foi bem entendido. Alguns acharam que fazer catequese narrativa é contar histórias: a história do povo de Deus, a história de Jesus, a história da salvação. Então, em vez de apresentarem um conteúdo orgânico e sistemático, limitaram a catequese à contação de histórias. Contar histórias é bom também, mas a catequese não deve se limitar a isso.
Alguns entenderam a catequese narrativa como algo bem espontâneo, que desse ao catequizando a oportunidade de narrar o que pensa, de se expressar, de narrar suas experiências, de dizer o que sente, por exemplo, diante de uma gravura ou de um recorde de jornal. Estaria assim o catequizando narrando suas impressões. Isso também pode ser válido, mas não garante a narratividade da catequese.
E mais, essas iniciativas não garantem que a catequese tenha ficado de fato mais envolvente, menos doutrinal, menos escolástica – e esse é o objetivo das teorias sobre a catequese narrativa.
Vamos então frisar: catequese narrativa é apresentar a boa-nova de Cristo de modo que o evangelho seja uma força que nos interpela, que muda a vida da gente, que provoca uma interação entre o catequizando e o mistério revelado. O evangelho não pode ser apresentado como um conjunto de verdades frias e distantes. Quando Jesus pregou ao povo, seu evangelho foi acolhido com motivação. As pessoas interagiram com Jesus. O desafio é continuar pregando o mesmo Cristo e provocando nas pessoas essa mesma interação com ele. Com isso, os catequizandos se tornam seguidores de Cristo. A Igreja precisa narrar o evento Cristo de modo a envolver as pessoas de cada tempo.
Foi o que os evangelistas fizeram. Eles narraram o evento Cristo de modo a interpelar as pessoas do seu tempo. Fizeram uma releitura do Antigo Testamento, atualizando a mensagem a partir de Cristo, centro da revelação. O desafio hoje é transmitir a fé de forma tal que a pessoa se deixe iluminar por essa experiência cristã, de modo que a mesma Palavra de Deus faça sentido na vida da pessoa. Isso é catequese narrativa.

 Textos da professora Solange Maria do Carmo em parceria com o Pe Orione Silva e que serão publicados em formato de um livro, pela editora Paulus, com o título Catequese permanente: fundamentos e organização.

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