A proposta de fazer uma catequese querigmática é antiga. Ela já disputou espaço no cenário catequético e isso já trouxe controvérsias, pois a catequese querigmática parecia incompatível com a catequese doutrinária da Igreja. Alguns fizeram até uma proposta de uma teologia querigmática. Como se pudéssemos separar o querigma – a vida, morte e ressurreição de Jesus – da fé da Igreja que o anuncia. Ou se pudéssemos anunciar apenas doutrinas, dogmas, moral etc, ou seja, a reflexão teológica da Igreja, sem o núcleo duro que a sustenta: o evento Cristo. Então houve debates nesse campo. E não foi encontrado um acordo.
A idéia de anunciar o querigma voltou à tona a partir da Renovação Carismática Católica. Membros da RCC criaram um roteiro resumido para comunicar às pessoas o amor de Deus: Deus ama você. Mas você não sente este amor, porque você é pecador. Então, Deus enviou Jesus para te salvar. Agora, você precisa aceitar Jesus, crer e se converter. Então, você vai receber o Espírito Santo. Alguns até falavam que a pessoa seria como que batizada de novo no chamado Batismo no Espírito. Muitos criticaram esse esquema chamando-o de simplista. E não deixa de ser, pois a questão da transmissão da fé não é tão simples e linear assim.
Apesar dos limites que essa formulação do querigma apresenta, é bom observar que nele estão contidas propostas de experiências básicas de nossa fé que precisam ser transmitidas a todas as pessoas. A pregação da fé cristã começou anunciando esses elementos fundamentais, centrados na pessoa de Jesus salvador. O objetivo era mesmo, desde o começo da Igreja, levar as pessoas a conhecer quem era Jesus, a aceitar sua proposta e a segui-lo. Com o tempo, aceitar Jesus passou a ser tido como coisa de evangélico.
Mas nós católicos também precisamos aceitar Jesus. E não somente aceitá-lo, mas também segui-lo e nos comprometer como discípulos do Senhor. Os documentos da Igreja já vinham dizendo que há muitos católicos que não têm muita noção da fé que professam, até porque professam uma fé que lhes foi não proposta, mas uma fé herdada. São os tristemente famosos “batizados, mas não evangelizados”. E o problema deles é justamente que não conhecem a pessoa de Jesus. As pessoas se tornaram católicas pelo batismo, mas, não conhecendo Jesus, não o aceitam de fato em suas vidas. E, com isso, a fé da Igreja que é fé professada, celebrada e vivida começa a conhecer lacunas. Professa-se a fé cristã, mas celebra-se apenas em algumas ocasiões especiais – sacramentos – e vive-se ainda menos. Surge aí o católico não-praticante. Uma realidade de difícil trato nas paróquias!
Os documentos mais recentes da Igreja já falam que é preciso anunciar a pessoa de Jesus, tornando-o conhecido por todos. Com isso se espera que todos sejam discípulos e missionários de Jesus, para usar a expressão da Conferência de Aparecida. Isso é catequese querigmática. É anunciar os elementos fundamentais da fé cristã, começando pelo evento Cristo, ou seja, pela pessoa de Jesus. Catequese querigmática é a que provoca a experiência com o Cristo ressuscitado, aproxima as pessoas de Jesus, gera um encontro com a pessoa de Cristo e, com isso, desperta para o discipulado.
Não basta somente dizer “Jesus te ama!”. Nem é somente uma questão de ardor, de paixão, ou seja, não é somente dar catequese com o mesmo ardor dos primeiros cristãos. Não é também limitar-se aos elementos fundamentais, repetino a formulação simplista: “Deus te ama, você pecou, etc”. É preciso apresentar um conteúdo progressivo e orgânico da fé. Um conteúdo não-linear mas organizado, cujo centro é o evento Cristo, revelador do Deus uno e trino. Esse é o ponto central da catequese querigmática: o mistério pascal.
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