terça-feira, 12 de abril de 2011

Lições da tragédia do Rio de Janeiro (Realengo)


Algumas pessoas me pediram para escrever sobre esse triste assunto.
O que levou aquele jovem a matar friamente tantas crianças?
Muitos fatores são as causas desse fato. Não há efeitos sem causas, e é importante conhecê-las.
Depois de ouvir e ler muitos noticiários de jornais, revistas, internet e televisão, dá para concluir as causas dessa tragédia.
A imprensa  levantou alguns fatos importantes e reveladores sobre o jovem criminoso:  o assassino vem de uma família   desestruturada. Durante o período escolar sofreu “bullying” (ofensas, zombarias e violência por parte dos colegas). Perdeu a mãe adotiva relativamente cedo, talvez fosse a única pessoa que o amasse de verdade e de quem ele recebeu um pouco de amor.
Pelo menos uma vez ele declarou  freqüentar duas religiões diferentes.
A sua mãe biológica ao que se sabe era moradora de rua, apresentava transtornos mentais e sendo o pai desconhecido, foi o jovem adotado por uma mulher.
A sua mãe adotiva procurou ajuda psicológica mas ele não prosseguiu o tratamento. Com a morte da mãe adotiva ele ficou desamparado. Todo este sofrimento certamente gerou neste jovem a revolta e, quem sabe, a admiração pelos fanáticos que matam os que estão bem e que não sofrem como ele.  Sabemos que a pessoa revoltada quer se vingar “dos que estão bem”, como num mecanismo psicológico de compensação e de desforra. Todo esse desamparo certamente foi moldando a personalidade doentia deste jovem.
A revista VEJA (edição 2212, ano 44-n.15) afirma que o massacre foi “urdido por uma mente doentia que pretendia jogar um avião sobre o Cristo Redentor”. Afirma que há dois anos “começou a pesquisar obsessivamente sobre armas e organizações terroristas na internet. Passou a usar só roupas pretas e deixou crescer a barba” (pag. 83).
Embora houvesse dois colégios perto de sua casa, ele andou 33 km para praticar o crime na escola em que estudou e onde foi humilhado. Nesta escola era alvo de piadas e humilhações dos colegas e apelidado de Sherman (personagem nerd do filme American Pie). “A gente o xingava de tudo, zoava ate cansar”, disse uma colega a VEJA (pag. 84).
Quem tem fé sabe que a análise deste tipo de crime não se esgota em explicações naturais; não se pode descartar a ação sobrenatural.
Neste tipo de crime,  como em toda ação pecaminosa,  pode também haver  uma influência do demônio; pois,  sendo “homicida desde o início” ele procura exerce  sua ação sobre a mente do criminoso. Jesus nos alertou que vem para “roubar, matar e destruir”. Sabemos que o bem (a graça) e o mal (a tentação), agem sobre a natureza; a pressupõe, ensina Santo Agostinho. Quanto mais uma natureza é prejudicada, mais pode ser usada pelo mal se houver condições para isso. Isso não quer dizer que rapaz criminoso estava possesso.
Tudo isso mostra claramente muitos fatores que gestaram toda essa tragédia: a destruição da família, o mau uso da internet, a escola despreparada para proteger e educar os alunos mais frágeis, etc. São lições que ficam desta triste destruição de vidas inocentes. Ou tomamos providências para mudar essa realidade, ou as lágrimas continuarão a rolar de nossas faces.
Por trás de tudo isso não há como não ver uma sociedade doente, que embalada pelo relativismo moral e religioso, como tem afirmado o papa Bento XVI, está sendo destruída. Não há como não ver uma sociedade que caminha de costas para Deus e que desrespeita suas leis sagradas.
A família, base sólida da sociedade, está em frangalhos; uma moralidade permissivista destrói a moral familiar cristã e deixa os  filhos desamparados, que se tornam vítimas fáceis da droga, da violência, da revolta, do crime, etc.
Quando João Paulo II esteve no Brasil pela última vez, em 1997, falando aos jovens no Maracanã, deixou-nos esse triste recado: “no Brasil, por causa do “amor livre” há milhares de crianças órfãs de pais vivos”. É a destruição da família.
É preciso repetir: as mazelas de nossa sociedade, especialmente as que se referem aos nossos jovens, têm a sua razão mais profunda na desagregação familiar que hoje assistimos, face à gravíssima decadência moral da sociedade.
Tudo isso serve de lição. Se não resgatarmos a família, segundo o projeto original de Deus, cada vez mais a sociedade sofrerá.
Os pais precisam mais do que nunca acompanhar e monitorar, as atividades dos seus filhos, sobretudo na internet e nos famosos joguinhos eletrônicos, repletos de “heróis” que matam e destroem a sangue frio. E dar-lhes sólida formação cristã.
O psicólogo americano Peter Langman trabalhava no Hospital Psiquiátrico KidsPeace  na Pensilvânia, quando dois estudantes mataram colegas na escola Colombine (20/4/1999) . Nos dez dias que se seguiram ao massacre Langman atendeu cerca de vinte pais, aflitos porque o comportamento de seus filhos se assemelhava ao do assassino: desejavam ser famosos e populares, sofriam de depressão, tinham tendência ao suicídio, não gostavam da própria aparência, sentiam-se rejeitados,  principalmente pelas garotas e eram fascinados por armas. (cf. Veja citada)
O psicólogo concluiu em seus estudos que todos os jovens criminosos trazem denominadores comuns: raiva e sede de vingança, odeiam a vida, estavam desesperados e deprimidos e desejam a morte. Se atrás de um jovem desses há uma família, há pais que o amem, tudo pode ser melhorado; mas se ele estiver aflito e abandonado, tudo pode acontecer, embora seja raro.
Renovemos a nossa fé em Deus; a consagração de nossos filhos e netos aos Corações de Jesus e de Maria, e nos lembremos daquilo que um dia disse João Paulo II, se o ser humano não experimentar o amor sua vida não terá sentido.
Professor Felipe Aquino

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