sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Primeira etapa do Sínodo é encerrada com 25 propostas


Bispos presentes no Sínodo para a África durante momento de oração na Sala Paulo VI, no Vaticano

A II Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para África, terminou a primeira parte do encontro neta quarta-feira, 14, com a reflexão do Relatio post disceptationem, relatório dos primeiros dias de trabalho que condensa as propostas e temas abordados pelos padres sinodais. A Assembleia prossegue até o próximo dia 25.

O documento foi apresentado pelo relator-geral do Sínodo, o Cardeal Peter Turkson, do Gana e reúne as ideias principais discutidas na Sala do Sínodo que servirão de base para os padres sinodais chegarem aos documentos finais.

O Cardeal Turkson apresentou uma Igreja africana orgulhosa das suas origens apostólicas e de seus antepassados na fé, uma Igreja que para tornar mais forte a sua tarefa de reconciliação deve repensar o seu modo de ser e de agir, atenta à verdade e fiel à sua missão.

A Igreja-família de Deus na África deve ser transformada a partir de dentro e deve transformar o continente, especificou o relator.
Assim sendo, o seu apostolado compreenderá, então, vários aspectos destacados pelo Cardeal. "Libertar a população africana de todo medo, inclusive o medo provocado pela magia e pelo ocultismo; assegurar a formação em todos os campos, da catequese aos meios de comunicação social, da política à cultura; desafiar um passado de colonialismo e exploração; resistir às ameaças da globalização".

O Cardeal Turkson chamou ainda a atenção para a questão das migrações, evocando também as legislações dos países ocidentais, e convidou os padres sinodais a examinarem "as etnias", que podem conduzir a atitudes de exclusão e destruir as comunidades, transformando-se quase numa forma de racismo.

O relator-geral do Sínodo citou as sombras que recaem sobre a sociedade africana no campo da família, ameaçada pela ideologia do "genero", pela nova ética sexual global, pela engenharia genética, atacada pela saúde reprodutiva e por estilos de vida "alternativos" ao matrimónio entre homem e mulher.

O Cardeal observou também que existem "sombras" que a Igreja pode ver como desafios e oportunidades para crescer.

O documento compreende ainda um espaço dedicado às mulheres, ainda à margem da cultura africana. Os padres sinodais ouviram o seu grito, alertou o Cardeal Turkson.

A Igreja-família de Deus é convidada a manifestar-se contra as graves injustiças perpetradas contra elas, como a poligamia, violências domésticas, discriminações no direito de herança, matrimónios forçados. "Elas precisam ser reconhecidas, tanto na sociedade como na Igreja, como membros ativos", indicou.

Outro apelo foi dirigido a favor das crianças, que segundo o relator é a "parte mais sofredora da população africana que sofre abusos", são obrigadas à guerra, e vêem os seus direitos à educação negados.

O mesmo cuidado foi reservado aos jovens, sublinhando a escassez de políticas governamentais sobre a educação e o trabalho a eles dirigidas.

O Cardeal destacou também a necessidade de um exercício responsável do poder por parte dos líderes africanos, que devem assumir posições distantes da corrupção, respeitar os governos democráticos, sem tolerar os golpes de Estado.

Os episcopados africanos querem reforçar a sua presença nas organizações continentais, como a União Africana, em harmonia com a ação da Santa Sé, para estimular e garantir iniciativas de reconciliação, justiça e paz, indicou o Cardeal Turkson.

O relator ressaltou que não se perdeu de vista a pandemia da AIDS e sublinhou o esforço da Igreja na redução da visão social negativa imposta às pessoas vítimas da doença. Foi feito um apelo para que os doentes africanos recebam os mesmos tratamentos oferecidos na Europa.

O documento aponta ainda a necessidade de "travar a fabricação de armas, evitar uma guerra pela água, a promover meios de comunicação locais que não instrumentalizem o continente".

O relator fez eco das posições negativas que os episcopados apresentam sobre a "ganância das multinacionais que querem apropriar-se dos recursos naturais de África, desencadeando conflitos tribais". O Cardeal Turkson defendeu a necessidade de um quadro jurídico internacional que garanta o controle destas empresas e das indústrias de extracção.

O documento aponta ainda a necessidade de uma "formação ativa com os muçulmanos de boa vontade para reduzir as tensões".

O Cardeal Turkson resume tudo em 25 perguntas. Cabe agora aos Círculos menos encontrar as respostas adequadas das quais nascerão, depois, as Proposições finais.

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