domingo, 25 de outubro de 2009

30º Domingo do Tempo comum


Santo do dia: Santo Antônio de Sant'Anna Galvão

Primeira leitura: Jeremias 31, 7-9
O Senhor salvou seu povo, o resto de Israel.

Salmo responsorial: Sl 126
O Senhor fez por eles grandes coisas.

Segunda leitura: Hebreus 5, 1-6
Todo pontífice é escolhido entre os homens e constituido a favor dos homens.

Evangelho: Marcos 10, 46-52
Vai, tua fé te curou.

O livro de Jereminas nos mostra um aspecto da manifestação de Deus ao qual estamos acostumados: o Deus da ternura. Deus nos ama sem se importar se andamos pela vida como cegos ou coxos, isto é, se a duras penas, podemos caminhar ou se mal enxergamos ou pressentimos por onde vamos. Deus nos ama, quer estejamos em um estado de vulnerabilidade ou debilidade absoluta, como a mulher grávida ou uma mãe que acaba de dar à luz. Deus nos ama inclusive se fugimos dele e nos refugiamos no último confim da terra. E a razão desse amor não é outra senão a de sermos seus filhos, a de ter-nos engendrado por seu amor, a de fazer-nos partícipes de seu reino. Uma das insistências de Jesus era a de viver a experiência amorosa de Deus como a essência sobre a qual se funda e se funde nossa vida; e não porque isto estivesse no sentir religioso do seu tempo.

O salmo está em sintonia com a primeira leitura e nos mostra como a magnificência de Deus consiste no resgate e redenção de seu povo. A experiência do exílio já não é a do viver em um país estrangeiro, mas a de sentir que em nenhum lugar do mundo é estranho ao projeto transformador de Deus.
A segunda leitura, da carta aos Hebreus, confirma essa dimensão do poder de Deus manifestado como compaixão e misericórdia. Jesus consagra nossa vida a Deus por meio de sua vida e de sua palavra. Ele redime nossas faltas e nos encaminha por uma experiência na qual convertemos em fortaleza nossas sempre presentes debilidades humanas. Ele nos oferece um caminho de redenção que supera o puro preceito religioso, a simples justificação sentimental ou um vazio racionalismo abstrato. Deus é o que chama, e nós somos os que podemos responder. Já não queremos um guru ou um especialista em religião, mas um irmão ou uma irmã que caminhe conosco e nos ajude a realizar essa vocação pela qual nos fizemos cristãos.

O evangelho de Marcos narra a cura do cego Bartimeu, o último : “milagre”, porém, se bem examinado, carece de alguns elementos típicos desse gênero, como por exemplo o gesto de curar ou a palavra que cura. Estamos diante de um relato, baseado talvez em um fato histórico, que acentua, sobretudo, a importância da fé como fundamento do discipulado.

O relato, dentro da sobriedade, está carregado de detalhes. Marcos indica o lugar onde acontece este episódio: a saída de Jericó, a cidade das palmeiras no meio do deserto de Judá, porta de entrada da terra prometida (Cfr. Dt 32, 49; 34,1), passagem obrigatória para os peregrinos que vinham da Galiléia, pelo caminho do Jordão, a Jerusalém, situada a sudoeste da mencionada no AT. A cidade havia surgido em torno da luxuosa residência de inverno, construída por Herodes. Há, ainda, uma alusão explícita – ainda que pareça um tanto genérica – ao nome do cego: Bartimeo, filho de Timeo. Mateus e Lucas não mencionam este detalhe. Junto com o de Jairo é o único nome próprio que aparece em Marcos, antes de iniciar o relato da paixão. Alguns pensam que isto seja pelo fato de que, provavelmente, este homem tenha participado da comunidade cristã palestinense.

O protagonista é um homem hebreu, cego e duplamente pobre (Lv 19, 14; Dr 27,18, Is 59,9), são textos que nos ajudam a compreender a situação dos cegos de Israel. A litugia estabelecia um nexo entre este evangelho e a primeira leitura de Jeremias, porque, em ambos os casos, há um acontecimento alegre para os cegos.

O diálogo começa com um pedido de Bartimeu, com ressonâncias veterotestamentárias (Cf. Os 6,6), e que a liturgia eucarística incorporou no ato penitencial: “Tem compaixão de mim”. O pedido vem precedido pelo título messiânico de Filho de Davi. Esta é a última vez que aparece este título no evangelho. Posteriormente, o cego chama Jesus de Raboni (termo que costumamos traduzir por mestre e que o original de Marcos não traduz). As pessoas mandam o cego calar para que não incomode. Este pedido não tem nada a ver com o “segredo messiânico”, típico de Marcos, já que aqui quem manda calar não é Jesus, mas as pessoas. Quando o cego fica sabendo que Jesus o chama, joga o manto e se aproxima de Jesus. Este detalhe também aparece em 2 Rs 7,15. É uma maneira de indicar o alvoroço que produz um acontecimento. O diálogo posterior é narrado de forma esquemática. Pergunta: (O que queres que faça por ti?); um pedido (Mestre, que eu veja) uma resposta (Vai, tua fé te curou). Como já foi indicado, estão faltando o gesto e as palavras da cura. O acento recai sobre a força da fé. Esta é que permite passar das trevas à luz, da beira ao interior do caminho, da passividade de quem mendiga à criatividade de quem segue Jesus até o fim.

Hoje se fala muito das terapias que curam através da medicina natural, das técnicas psicológicas, das tradições budistas, dos fluxos de energia . . . e dos problemas psicossomáticos cuja cura também acontece no nível do psicossomático. Os milagres se tornam claros e muito mais fáceis de serem explicados, dia a dia. A vida está cheia de “milagres” para quem sabe levá-la. A “inteligência emocional” (Cfr. DAnah Zohar), o holismo, a sinergia... nos transportam para um “realismo mágico” possível de ser acessado. Os milagres da nossa fé não possuem um motivo para serem milagres “metafísicos”, “estritamente sobrenaturais”... Parece, no entanto, que os milagres de Jesus de Nazaré não foram, e os nossos de hoje tampouco tem motivo de sê-lo. Talvez se trate de “educar os olhos” com essa inteligência emocional, ecológica, espiritual... ainda que não seja na visão linear na qual fomos educados no velho paradigma.

FONTE: PORTAL CLARET

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