Refletir sobre catequese ou evangelização é sempre motivo de muita alegria, mas também de mal-estar.
Alegria por perceber que esta é a principal missão da Igreja e que, nessa tarefa, tem muita gente de fé empenhada, buscando caminhos, dialogando com o mundo, com suas mudanças, acolhendo e discernindo suas novidades. Há muita gente sonhadora, lutadora, cheia de confiança em Deus e plena de esperança de que há um futuro para a Igreja.
Mal-estar por causa de uma realidade facilmente observável: cresce assustadoramente a dificuldade de a Igreja falar uma linguagem acessível ao cristão atual. Além da multidão de vozes que ecoam aos ouvidos do católico, competindo com a palavra da Igreja, agrava-se ainda mais a situação se se pensa que o discurso católico não é coeso: são tantas vertentes teológicas que se abrem num mar de possibilidades, causando no crente despreparado um enorme medo de naufragar. Proliferam-se as tentativas de acertar, de achar o caminho. Surge no cenário católico uma porção variada de opções: movimentos diversos, espiritualidades específicas, modelos catequéticos distintos, celebrações e vivências da fé dantes nem imaginadas... Despontam discursos de toda forma, cada qual acentuando um foco, um traço marcante da fé, por vezes um detalhe importante que dá sentido ao conjunto. Basta uma rápida passada pela densa floresta católica e a biodiversidade da fé é detectada, revelando uma complexa teia de relações.
Neste quadro, preocupam bastante os modelos catequéticos que têm sobrevivido às intempéries da Modernidade e Pós-Modernidade. Tendo caducado a identidade tridentina que manteve a Igreja como corpo distinto no meio da sociedade durante tanto tempo, urge buscar um novo jeito de ser Igreja: uma identidade harmoniosa com o momento presente, com as demandas do homem e da mulher modernos, sem, no entanto, abrir mão do que é mais próprio do ser cristão.
Assim, a evangelização na Igreja busca caminhos. Rompe novas picadas como um bandeirante à procura de um tesouro precioso. Mas este processo é duro e causa angústias. Falar uma linguagem acessível ao homem e à mulher de hoje, tão ávidos de novidades – num tempo em que tudo é breve, passageiro, on-line, imediato –, constitui verdadeiro desafio. A Igreja, com seus dois mil anos de história, tem ritmo próprio: o sistema on-line não faz parte de seus métodos. É preciso tempo para assimilar novidades. É preciso cautela para mudar posturas.
É preciso coragem para transformar o velho – tão seguro e estabilizado! – em algo novo – tão desinstalador e desconfortante!
Então, o que fazer? Como dialogar com o novo sujeito eclesial que se apresenta, sem desdenhar tantos anos de experiência, sabedoria e presença de Deus na história da Igreja? O católico de hoje – por mais diversificado que seja seu perfil – raramente se identifica com o discurso da Igreja. A evangelização atualmente se apresenta sem a força transformadora originária que cativou tanta gente e fez muitos deixarem tudo por causa de Jesus. Será que o evangelho não fala mais ao coração da humanidade? Terá a Palavra de Deus perdido seu vigor ou seus mensageiros estão falando uma linguagem incompreensível na Babel da Pós-Modernidade? Vamos continuar conversando sobre isso num próximo encontro.
SOLANGE MARIA DO CARMO
SOLANGE MARIA DO CARMO
DOUTORANDA EM CATEQUESE E PROFESSORA DE TEOLOGIA BÍBLICA NA PUC-BH
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMENENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE SERÁ ADOTADO PELA DIOCESE DE LORENA EM 2010)
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMENENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE SERÁ ADOTADO PELA DIOCESE DE LORENA EM 2010)
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