ECOLOGIA E MISSÃO

14. ECOLOGIA E CIÊNCIA

Na questão ecológica, as ciências desempenham papel fundamental para o mal e para o bem. Para o mal quando desenvolvem tecnologias extremamente agressivas. Para o bem quando criam nova consciência de nossa relação com o mundo.

O universo deixou de ser uma coisa externa e separada de nós, mero objeto de nossa ação transformadora, exploradora e depredadora, para adquirir verdadeira dimensão de grandeza. Sentimo-nos, cada vez mais, um ser dentro desse gigantesco processo evolutivo que se estende no tempo por 13,7 bilhões de anos e no espaço por mais de 50 bilhões de galáxias. Dimensões absolutamente inimagináveis minam-nos o míope orgulho antropocêntrico e nos fazem entrar em comunhão com sua totalidade.

Não se trata apenas de conservar a Terra, mas de avançar para uma visão de ciência que se articule com a ecologia profunda em vista da criação de nova consciência humana.

Em vez de dominação, instaura-se o espírito de comunhão em todas as direções. Para trás, a ciência nos insere em extraordinário processo evolutivo. Fomos forjados com as mesmas substâncias fundamentais que se encontram no universo. Nosso DNA comunga com os códigos dos animais. Separa-nos do chimpanzé somente em 1,5%. Os genes assemelham-se em todos os seres vivos, estruturando-lhes a cronologia do desenvolvimento. Para a frente, esposamos o princípio-esperança, na genial intuição de E. Bloch. Em nós se inicia o futuro.

Carregamos a potencialidade do porvir. Olhando para os lados, fazemo-nos irmãos de todos e de tudo. Olhando para baixo, afundamos a raiz de nosso existir no solo da Terra e da história. Para cima, sentimo-nos filhos de um Pai criador e salvador.

J. B. Libanio, sj

TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”

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