16. ECOLOGIA E ECONOMIA
A economia tornou-se a ameaça mais grave à ecologia. Não sem certa ironia. Pois na etimologia de ambas as palavras – eco + nomia e eco + logia – se encontra o elemento “eco”, do grego oikos, casa. Ambas falam da casa da natureza. E por que conflitam? Porque entre a lei da casa (economia) e a razão da casa (ecologia) existem oposições. A razão protege a casa, a natureza, o ecossistema. A lei – mais ainda na atual economia capitalista – visa ao lucro sem limite e para tanto destrói a casa. A razão salva, a lei mata.
A lógica econômica capitalista criou círculo bem estrito. E daí não sai. O seu motor chama-se ganho, ganância, rendimentos. Tudo se ordena para que, no final do processo de produção, de distribuição e de vendagem, se chegue a mais dinheiro que o injetado no início. E, quanto maior for a diferença entre o investimento inicial e o rendimento final, melhor. Para isso o capitalismo cria sua lei.
Que se gaste o menos possível com mão de obra. Paguem-se, pois os salários mais baixos possíveis. Que se inventem máquinas para diminuir o número de operários à custa do emprego. Este não entra na lógica do capital. O desemprego traz vantagens, porque obriga os empregados a aceitar remunerações mais baixas, já que se consideram privilegiados por poderem trabalhar. Terrível privilégio de ser explorado!
Em termos ecológicos, o capital olha a maneira mais barata de explorar a natureza. Frequentemente se faz devastador. Lavam-se os minérios e jogam-se as montanhas e lá ficam elas esburacadas. Resiste-se a pagar qualquer preço ecológico que diminua o lucro. E a ecologia planta-se na equipe oposta. Jogo duro. Sem Estado forte e consciência cívica dos cidadãos, a ecologia perde o jogo.
J. B. Libanio, sj
Texto publicado no folheto “O Domingo”
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