A vida do autêntico profeta não é tão romântica como poderíamos imaginar à primeira vista – mas sim, repleta de complicações. Para o profeta, com certeza, há momentos prazerosos, mas sofre também conflitos e rejeições. Ele tem dupla missão: anunciar e denunciar.
Enquanto anuncia as maravilhas de Deus, o profeta tem seu momento de prazer e até de glória. Anunciar a presença e a atuação de Deus na história da humanidade normalmente não desperta a ira e a fúria dos adversários e dos acomodados.
Quando denuncia as injustiças, a miséria e a violência reinantes na sociedade, aí o profeta começa a sentir o lado duro da missão, pois não pode se calar diante da degradação humana. Ele tem o desafio de defender os pobres e oprimidos, e nem sempre a comunidade ou a sociedade estão dispostas a acatar a mensagem que questiona e exige mudanças de atitude. Jesus sentiu na própria pele essa cruel realidade.
Enquanto Jesus fazia milagres, era sempre bem-vindo; mas, quando questionava a presença da injustiça provocadora da miséria, era “expulso da cidade”. O perigo continua ainda hoje: muitos procuram Jesus para satisfazer seus interesses pessoais, mas não estão dispostos a ver as causas da dor que aflige as pessoas. Quando ele diz que veio para todos e não apenas para algum grupo, é rejeitado. Quando derruba as barreiras étnicas e não exclui nenhum povo, é incompreendido.
Poderíamos apresentar uma lista enorme de profetas – de ontem e de hoje – que, assim como Jesus, foram rejeitados, perseguidos e mortos pela sociedade. É muito fácil perceber por que esses profetas são eliminados. Quando são incômodos, a sociedade não os atura e os expulsa do seu convívio.
Pe Nilo Luza, ssp
Texto publicado no folheto “O Domingo”
MARCADOR: LITURGIA
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