Primeira leitura: Isaías 42,1-4.6-7
Eis o meu servo: nele se compraz minh'alma.
Salmo responsorial: 28(29),1a.2.3ac-4.3b.9b-10 (R/. 11b)
Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo!
Segunda leitura: Atos dos Apóstolos 10,34-38
Foi ungido por Deus com o Espírito Santo.
Evangelho: Lucas 3,15-16.21-22
Tu és meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição
O terceiro evangelista apresenta a figura de Jesus, não como objeto de admiração ou de adoração, mas como aquele a quem o crente deve seguir, assumindo radicalmente suas atitudes e seu projeto de vida. O Batismo em Jesus não foi um ato social, ou um gesto de fanatismo religioso. Esta ação, pela qual o Espírito revela a verdadeira identidade de Jesus, marca a sua missão na historia e, portanto, seu destino. Jesus, que soube comprometer-se na obra de Deus Pai, caminha para a morte, não com uma atitude sádica, de quem gosta do sofrer, mas com total liberdade. Ele sabe por quem faz opção e conhece muito bem a conseqüência de estar do lado de Deus e dos favoritos dele: os pobres. Este é, definitivamente, o sentido do batismo de Jesus: matricular-se no Projeto de Deus Pai, que é a vida em abundancia de todos os homens e mulheres da história.
Este é, definitivamente, o sentido do batismo de Jesus: matricular-se no Projeto de Deus Pai, que é a vida em abundancia de todos os homens e mulheres da história. Celebrar o batismo do Mestre da Galiléia, nos leva a compreender o sério convite que este ato de Jesus nos faz: renunciar a nossos egoísmos, tomar a cruz cada dia, segui-lo e, se necessário, perder a vida por sua causa. Ser batizado, portanto, implica vincular-se ao projeto de Jesus, que é o mesmo projeto de Deus, de maneira sincera e seria. Jesus não estabelece condições teóricas, porém, apresenta o exemplo pessoal.
O Batismo de Jesus acontece no início de seu ministério público. Na lógica de Lucas, Jesus deve ser ratificado pelo Pai; somente assim pode dar início ao tempo novo, que vai inaugurar. O Batista entra em cena como aquele que é o precursor para a lógica do terceiro evangelho. Porém, sua tarefa somente adquire sentido se Deus mesmo declara quem é Jesus. Por isso vemos o Espírito entrar em cena para declarar sobre Jesus: "Tu és meu Filho querido, meu predileto". Esta declaração que o Espírito faz a respeito da pessoa de Jesus, é extensiva a todo ser humano. Por isso Jesus iniciará sua missão no meio da sociedade, para impar o rosto da humanidade violentada e para limar a imundície que as estruturas de poder cimentaram sobre os fracos, afim de que cada ser humano experimente em sua própria vida, o ser filho querido de Deus, predileto de seu amor.
O batismo de Jesus inaugura sua vida pública e contém, potencialmente, todo o itinerário que deverá percorrer. Parece um dado histórico certo: Jesus, como tantos outros jovens de seu tempo, se sente comovido pela predicação de João, e vai receber dele o "batismo", com um rito de "imersão"nas águas do Jordão, um rito quase universal, que significa uma decisão radical de entrega a uma Causa, pela qual alguém se declara já decidido a dar a vida, inclusive a morrer. Jesus, com a coerência de sua vida, prestará homenagem à sua decisão de fazer-se batizar por João.
Todo seguidor de Jesus é chamado a fazer sua essa coerência de vida e essa radicalidade de decisão, que se expressa e antecipa no rito do batismo e deve se tornar realidade todos os dias. Muitos são os que na Igreja Católica - e fora dela - reconhecem que é necessário uma revisão da prática batismal típica dos tempos da cristandade, o batismo massivo de crianças, como práxis generalizada e "oficial" - tenha-se em conta que a lei oficial proíbe as dioceses determinar o batismo de adultos como forma preferencial de sua celebração -necessita de revisão. Para o significado da admissão de crianças na comunidade pode ser realizado qualquer outro tipo de celebração "batismal" , porém se cremos realmente no que é serio, e apostamos na radicalidade do que dizemos que o batismo significa, parece incoerente que a legislação insista em fechar as partas inclusive aos que querem tentar uma práxis mais coerente, mais racional, e também mais evangélica, ao estilo de Jesus e da primitiva comunidade cristã, e na altura do tempo da descoberta dos direitos humanos.
Não deveríamos deixar de assinalar um fato grave, uma novidade absoluta: o pequeno, porém crescente e significativo movimento de solicitações de "anulação do batismo" no âmbito das Igrejas européias. O certo é que muitas das tais solicitações, mais que "anulação do batismo", são, na realidade, "solicitação de baixa administrativa na Igreja". O mais normal é que as pessoas não tenham, na realidade, queixas contra o batismo como decisão religiosa humana radical (quem negaria o valor da dignidade que pode levar a semelhante decisão?), mas contra o fato de que se administre sistematicamente a crianças e seja registrado e contabilizado estatisticamente como "incorporação à Igreja".
É importante assinalar que, ainda que em proporção bastante menor, o fenômeno das declarações de apostasia começou a acontecer em alguns países da América Latina: não é um problema "estritamente europeu". O batismo, não somente se situa no âmbito da própria aventura espiritual, mas incorpora uma responsabilidade para com os demais, uma missão universal: a construção de um mundo novo, a edificação, aqui e agora, da Utopia ("o reino", como chamaria Jesus.)
O batismo cristão, como "seguidor", como inspirado por Jesus que se fez batizar por João, muito conscientemente, muito adulto, está chamado a ser, como ele, salvador da humanidade e da criação, do planeta, colocado em risco grave pelas políticas anti-utopicas da civilização capitalista industrial ecologicamente irresponsável.
FONTE: PORTAL CLARET
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