Parece-me que salta aos olhos de qualquer católico minimamente observador a importância que a Igreja dá ao ministério presbiteral. Toda a vida da Igreja mostra essa relevância e, neste ano sacerdotal, ganha ainda mais visibilidade esse acento. Desde documentos da Igreja sobre o tema até investimentos financeiros que são aplicados na formação, tudo aponta para o status que o ministério ordenado foi adquirindo ao longo dos anos; isso além de simpósios, congressos, sínodos, organizações diversas em torno do ministério ordenado. Muito cedo eu entendi essa importância. Trabalhando com a formação de leigos – cursos de teologia pastoral – sempre me deixou intrigada o fato de a Igreja não investir na formação dos leigos a mesma energia e os mesmos recursos. A formação filosófica e teológica, por exemplo, dos futuros presbíteros é garantida pela Instituição, com Faculdades ou Institutos estabelecidos com essa finalidade, professores capacitados e remunerados para tal função, e ainda casa, comida, algumas vezes roupa lavada, passada, assistência médica, odontológica, psicológica, etc. Um mundo de forças despendidas com o objetivo de recrutar, formar e capacitar vocações para o serviço do povo de Deus, no exercício do ministério presbiteral. Algo que – parafraseando São Paulo – “os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem coração algum jamais pressentiu” (1Cor 2,9) em relação à formação dos leigos para o exercício de seu ministério nas diversas pastorais, movimentos e para o seu testemunho em geral no meio do mundo e na vida da Igreja. Desde o fim do Catecumenato Cristão da Igreja Primitiva, uma lacuna se instalou nesse campo, um vazio se constituiu, e os esforços atuais nem de longe respondem às necessidades do leigo. Não é difícil então entender o valor do ministério presbiteral, sua importância para a Instituição e a esperança que ela deposita em seus presbíteros. E não é só a instituição como tal. O povo de Deus em geral, ainda que não tenha tematizado essa questão, ainda que não a discuta ou verbalize, intui essa primazia do ministério ordenado e, por isso, põe muita esperança nos ministros que a Mãe-Igreja lhes destina. Cada padre que chega a uma paróquia não vem sozinho: traz consigo um universo de sonhos e desejos, de esperanças e expectativas que o povo de fé projeta nele. O sonho do povo de ser valorizado e acolhido. O desejo de ser bem formado e poder exercer sua vocação de povo sacerdotal. A esperança de encontrar no ministro ordenado um animador da comunidade com quem seja possível trabalhar em comunhão e formar uma verdadeira comunidade de fé. A expectativa de quem não se contenta com o que já tem e quer muito mais: quer fazer cada vez mais sua experiência de Deus, quer ser mergulhado no mistério, redescobrir a força transformadora de vida do evangelho de Jesus Cristo. Um verdadeiro advento acontece toda vez que a comunidade aguarda a chegada de seu novo ministro ordenado.
Diante de tantas expectativas, uma pergunta não quer calar: Quais as características principais que o povo espera encontrar num presbítero hoje? Ou, em outro formato: Que modelo de presbítero o povo deseja para suas comunidades?
Bom, tentaremos responder a essa pergunta com uma série de textos que você poderá ler aqui no Blog da Paróquia toda semana.
SOLANGE MARIA DO CARMO
DOUTORANDA EM CATEQUESE E PROFESSORA DE TEOLOGIA BÍBLICA NA PUC-BH
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMANENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE SERÁ ADOTADO PELA DIOCESE DE LORENA EM 2010)
MARCADOR: "SOLANGE MARIA DO CARMO"
MARCADOR: "SOLANGE MARIA DO CARMO"
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