Papa começa novo ciclo de Catequeses, desta vez sobre o tema da oração. Praça de São Pedro continua adornada, após cerimônia da Beatificação de JPII
O Papa acaba de abrir uma "Escola de Oração". Para frequentar as aulas com o "professor" Bento XVI, não é preciso fazer nenhuma inscrição: basta acompanhar as Catequeses do Pontífice às quartas-feiras.
"Nas próximas Catequeses, escutando a Sagrada Escritura, a grande tradição dos padres da Igreja, dos Mestres de espiritualidade, da Liturgia, desejamos aprender a viver ainda mais intensamente a nossa relação com o Senhor, quase como que uma 'Escola de oração'. Sabemos bem, de fato, que a oração não é um dado adquirido: é preciso aprender a rezar, quase adquirindo sempre novamente esta arte", disse o Pontífice nesta quarta-feira, 4, ao anunciar o início do novo ciclo de Catequeses sobre o tema da oração, após os ciclos sobre osPadres da Igreja, os grandes teólogos da Idade Média e as grandes mulheres.
"No início deste nosso caminho na 'Escola da oração', desejamos então pedir ao Senhor que ilumine a nossa mente e o nosso coração, para que o relacionamento com Ele na oração seja sempre mais intenso, afetuoso e constante", expressou o Pontífice.
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.: NA ÍNTEGRA: Catequese de Bento XVI sobre a oração
"Recebemos a primeira lição do Senhor através do Seu exemplo. Os Evangelhos descrevem-nos Jesus em diálogo íntimo e constante com o Pai: é uma comunhão profunda daquele que veio ao mundo não para fazer a sua vontade, mas aquela do Pai, que o enviou para a salvação do homem. É em Jesus, de fato, que o homem torna-se capaz de aproximar-se de Deus com a profundidade e intimidade da relação de paternidade e de filiação", ensinou.
Nesta primeira Catequese, o Papa propôs como introdução às "aulas" alguns exemplos de oração presentes nas antigas culturas, fazendo notar como o ser humano, praticamente desde sempre e por toda a parte, está voltado para Deus.
"O homem de todos os tempos reza porque não pode prescindir de perguntar-se sobre qual seja o sentido da sua existência, que permanece obscuro e desconfortante se não é colocado em relações com o mistério de Deus e do seu projeto sobre o mundo. A Revelação, de fato, purifica e leva à sua plenitude o desejo ardente originário do homem por Deus, oferecendo-lhe, na oração, a possibilidade de uma relação mais profunda com o Pai celeste", afirmou.
Do antigo Egito, vem o exemplo de um homem cego que clama ao Senhor a restituição da vista: "O meu coração deseja ver-te... Tu, que me tendes feito ver as trevas, cria a luz para mim. Que eu te veja! Inclina sobre mim o teu rosto amado". Sobre esse conteúdo, o Papa exclama: "Que eu te veja. Aqui está o núcleo da oração!".
Das religiões da Mesopotâmia, a súplica pelo resgate e libertação da parte de Deus: "Ó Deus, que és indulgente também na culpa mais grave, absolve o meu pecado... Olha, Senhor, ao teu servo exausto, e sopra a tua brisa sobre ele: sem demora, perdoai-lhe. Alivia a tua punição severa. Solto das amarras, faz com que eu volte a respirar; quebra a minha corrente, desata-me dos laços". O Papa comenta: "São expressões que demonstram como o homem, na sua busca por Deus, já intuía, ainda que confusamente, por um lado a sua culpa, e por outro os aspectos da misericórdia e da bondade divina".
Já a religião pagã da Grécia antiga traz o relato do grande filósofo Platão sobre a oração de seu mestre, Sócrates, considerado um dos fundadores do pensamento ocidental. Assim rezava Sócrates: "Fazei com que eu seja belo por dentro. Que eu considere rico quem é sábio e que de dinheiro possua somente o quanto possa levar e conduzir à sabedoria. Não peço nada mais". O Santo Padre indica: "Desajaria ser, sobretudo, belo por dentro e sábio, e não rico de dinheiro".
As obras-primas de literatura que são as tragédias gregas contêm orações que expressam o desejo de conhecer a Deus e de adorar a sua majestade. "Deus permanece um pouco nebuloso e, todavia, o homem conhece esse Deus desconhecido e reza àquele que guia os caminhos da terra", explica Bento XVI.
Também entre os Romanos, cujo Império viu nascer e se difundir o Cristianismo das origens, a oração, "ainda que associada a uma concepção utilitarista e fundamentalmente ligada ao pedido da proteção divina sobre a vida da comunidade civil, abre-se por vezes a invocações admiráveis pelo fervor da piedade pessoal, que se transforma em louvor e agradecimento", relata o Bispo de Roma.
Finalmente, nesse mesmo período, o imperador Marco Aurelio – que era também filósofo pensador sobre a condição humana – afirma a necessidade de rezar para estabelecer uma cooperação frutuosa entre a ação divina e a ação humana. Escreve no seu Ricordi: "Quem te disse que os deuses não nos ajudam também naquilo que depende de nós? Começa portanto a rezar a eles, e verás".
"Esse conselho do imperador filósofo foi efetivamente colocado em prática por inumeráveis gerações de homens antes de Cristo, demonstrando assim que a vida humana sem a oração, que abre a nossa existência ao mistério de Deus, fica privada de sentido e referência. Em cada oração, de fato, expressa-se sempre a verdade da criatura humana, que, por um lado experimenta a debilidade e indigência, e por isso pede o auxílio dos Céus, e por outro é dotada de uma extraordinária dignidade, porque, preparando-se para acolher a Revelação divina, descobre-se capaz de entrar em comunhão com Deus", sublinha o Papa.
A audiência
O encontro do Bispo de Roma com os cerca de 40 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro aconteceu às 10h30 (horário de Roma - 5h30 no horário de Brasília). O Papa deu início a um novo ciclo de Catequeses, desta vez dedicado ao tema da oração.
O Pontífice recordou a Beatificação de João Paulo II, realizada no Domingo da Misericórdia, 1º, ao saudar os peregrinos de língua polonesa: "Mais uma vez saúdo os peregrinos, vindos juntamente com seus pastores para a beatificação do meu amadíssimo Predecessor. O seu confiar-se à Mãe de Deus, contido na invocação 'Totus Tuus', seja um encorajamento para cada um de vós e para todo o povo polonês, para o qual Maria é Rainha", disse.
Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
"Uma cordial saudação para todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção particular dos fiéis de Salto de Pirapora e as Irmãs Franciscanas Catequistas do Brasil e do grupo "Ajuda à Igreja que sofre" de Portugal, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar a sua fé e adesão a Cristo: o Senhor vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e Bênção".
"Nas próximas Catequeses, escutando a Sagrada Escritura, a grande tradição dos padres da Igreja, dos Mestres de espiritualidade, da Liturgia, desejamos aprender a viver ainda mais intensamente a nossa relação com o Senhor, quase como que uma 'Escola de oração'. Sabemos bem, de fato, que a oração não é um dado adquirido: é preciso aprender a rezar, quase adquirindo sempre novamente esta arte", disse o Pontífice nesta quarta-feira, 4, ao anunciar o início do novo ciclo de Catequeses sobre o tema da oração, após os ciclos sobre osPadres da Igreja, os grandes teólogos da Idade Média e as grandes mulheres.
"No início deste nosso caminho na 'Escola da oração', desejamos então pedir ao Senhor que ilumine a nossa mente e o nosso coração, para que o relacionamento com Ele na oração seja sempre mais intenso, afetuoso e constante", expressou o Pontífice.
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.: NA ÍNTEGRA: Catequese de Bento XVI sobre a oração
"Recebemos a primeira lição do Senhor através do Seu exemplo. Os Evangelhos descrevem-nos Jesus em diálogo íntimo e constante com o Pai: é uma comunhão profunda daquele que veio ao mundo não para fazer a sua vontade, mas aquela do Pai, que o enviou para a salvação do homem. É em Jesus, de fato, que o homem torna-se capaz de aproximar-se de Deus com a profundidade e intimidade da relação de paternidade e de filiação", ensinou.
Nesta primeira Catequese, o Papa propôs como introdução às "aulas" alguns exemplos de oração presentes nas antigas culturas, fazendo notar como o ser humano, praticamente desde sempre e por toda a parte, está voltado para Deus.
"O homem de todos os tempos reza porque não pode prescindir de perguntar-se sobre qual seja o sentido da sua existência, que permanece obscuro e desconfortante se não é colocado em relações com o mistério de Deus e do seu projeto sobre o mundo. A Revelação, de fato, purifica e leva à sua plenitude o desejo ardente originário do homem por Deus, oferecendo-lhe, na oração, a possibilidade de uma relação mais profunda com o Pai celeste", afirmou.
Do antigo Egito, vem o exemplo de um homem cego que clama ao Senhor a restituição da vista: "O meu coração deseja ver-te... Tu, que me tendes feito ver as trevas, cria a luz para mim. Que eu te veja! Inclina sobre mim o teu rosto amado". Sobre esse conteúdo, o Papa exclama: "Que eu te veja. Aqui está o núcleo da oração!".
Das religiões da Mesopotâmia, a súplica pelo resgate e libertação da parte de Deus: "Ó Deus, que és indulgente também na culpa mais grave, absolve o meu pecado... Olha, Senhor, ao teu servo exausto, e sopra a tua brisa sobre ele: sem demora, perdoai-lhe. Alivia a tua punição severa. Solto das amarras, faz com que eu volte a respirar; quebra a minha corrente, desata-me dos laços". O Papa comenta: "São expressões que demonstram como o homem, na sua busca por Deus, já intuía, ainda que confusamente, por um lado a sua culpa, e por outro os aspectos da misericórdia e da bondade divina".
Já a religião pagã da Grécia antiga traz o relato do grande filósofo Platão sobre a oração de seu mestre, Sócrates, considerado um dos fundadores do pensamento ocidental. Assim rezava Sócrates: "Fazei com que eu seja belo por dentro. Que eu considere rico quem é sábio e que de dinheiro possua somente o quanto possa levar e conduzir à sabedoria. Não peço nada mais". O Santo Padre indica: "Desajaria ser, sobretudo, belo por dentro e sábio, e não rico de dinheiro".
As obras-primas de literatura que são as tragédias gregas contêm orações que expressam o desejo de conhecer a Deus e de adorar a sua majestade. "Deus permanece um pouco nebuloso e, todavia, o homem conhece esse Deus desconhecido e reza àquele que guia os caminhos da terra", explica Bento XVI.
Também entre os Romanos, cujo Império viu nascer e se difundir o Cristianismo das origens, a oração, "ainda que associada a uma concepção utilitarista e fundamentalmente ligada ao pedido da proteção divina sobre a vida da comunidade civil, abre-se por vezes a invocações admiráveis pelo fervor da piedade pessoal, que se transforma em louvor e agradecimento", relata o Bispo de Roma.
Finalmente, nesse mesmo período, o imperador Marco Aurelio – que era também filósofo pensador sobre a condição humana – afirma a necessidade de rezar para estabelecer uma cooperação frutuosa entre a ação divina e a ação humana. Escreve no seu Ricordi: "Quem te disse que os deuses não nos ajudam também naquilo que depende de nós? Começa portanto a rezar a eles, e verás".
"Esse conselho do imperador filósofo foi efetivamente colocado em prática por inumeráveis gerações de homens antes de Cristo, demonstrando assim que a vida humana sem a oração, que abre a nossa existência ao mistério de Deus, fica privada de sentido e referência. Em cada oração, de fato, expressa-se sempre a verdade da criatura humana, que, por um lado experimenta a debilidade e indigência, e por isso pede o auxílio dos Céus, e por outro é dotada de uma extraordinária dignidade, porque, preparando-se para acolher a Revelação divina, descobre-se capaz de entrar em comunhão com Deus", sublinha o Papa.
A audiência
O encontro do Bispo de Roma com os cerca de 40 mil fiéis reunidos na Praça de São Pedro aconteceu às 10h30 (horário de Roma - 5h30 no horário de Brasília). O Papa deu início a um novo ciclo de Catequeses, desta vez dedicado ao tema da oração.
O Pontífice recordou a Beatificação de João Paulo II, realizada no Domingo da Misericórdia, 1º, ao saudar os peregrinos de língua polonesa: "Mais uma vez saúdo os peregrinos, vindos juntamente com seus pastores para a beatificação do meu amadíssimo Predecessor. O seu confiar-se à Mãe de Deus, contido na invocação 'Totus Tuus', seja um encorajamento para cada um de vós e para todo o povo polonês, para o qual Maria é Rainha", disse.
Na saudação aos fiéis de língua portuguesa, o Papa salientou:
"Uma cordial saudação para todos os peregrinos de língua portuguesa, com menção particular dos fiéis de Salto de Pirapora e as Irmãs Franciscanas Catequistas do Brasil e do grupo "Ajuda à Igreja que sofre" de Portugal, que aqui vieram movidos pelo desejo de afirmar e consolidar a sua fé e adesão a Cristo: o Senhor vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito. Acompanha-vos a minha oração e Bênção".
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