sexta-feira, 27 de maio de 2011

A formação permanente como eixo principal da paróquia


Para que a catequese se firme como permanente em uma paróquia, propomos que ela seja o eixo principal, em torno do qual a paróquia se articula. Aqui estamos entendendo a catequese em seu sentido mais amplo. Ela é a formação permanente que vai motivar toda a paróquia.
A paróquia articulada precisa adotar um centro articulador, um eixo principal em torno do qual tudo gira. O centro articulador é um ponto comum a todas as iniciativas paroquiais. Esse ponto servirá não só para promover a unidade, mas também para incentivar os trabalhos. É um ponto de união e também um centro propulsor da vida paroquial. 
A formação permanente, além de se dirigir aos fiéis já atuantes que precisam de um espaço para buscar seu amadurecimento, atingirá e acolherá também aqueles que desejam iniciar uma caminhada de fé. Outra vantagem é que os fiéis passam a entender que todos na Igreja precisam de formação e permanentemente. Isso acaba com aquela mania de pensar que a gente já sabe tudo e não precisa mais amadurecer na fé. A formação assumida como centro da vida paroquial seria um motor importante na dinamização de toda a vida pastoral. Quanto mais bem formados na fé, melhor os fiéis atuam e mais intensamente participam. Qualquer empresa sabe disso. Quanto melhor preparado for o funcionário, quanto mais motivação tiver para seu trabalho, quanto mais paixão pelo que faz, melhores resultados produzirá. Essa lógica diz respeito também à organização paroquial. Se queremos mais qualidade na vida paroquial, precisaremos investir, como as empresas fazem, na capacitação dos fiéis. Isso é formação permanente. A formação dinamiza toda a paróquia: ajuda cada uma aviver melhor, a encontrar força para a vida, e ainda melhora a liturgia, aumenta a participação, encoraja os trabalhos, amplia o engajamento, evita a sobrecarga de alguns e a ociosidade de outros.
Quando nos referimos à formação permanente como centro articulador, estamos pensando em três metas que se fundem e se complementam no processo formativo. Poderíamos esquematizar isso assim:




FORMAÇÃO PERMANENTE








Conquistar                 
+
Amadurecer
+
Engajar

O processo de formação permanente supõe essas três coisas:
·         Conquistar a pessoa: Entendemos que é preciso que a pessoa seja acolhida, atraída pela boa-nova do evangelho. Não estamos falando de conquistar as pessoas como se estivéssemos numa batalha por fiéis, numa espécie de proselitismo católico, numa nova cruzada. Continuamos adotando a palavra conquistar, mas no sentido paulino de ser cativado por Cristo (cf. Fl 3,10-14). Queremos apresentar a todos a pessoa de Jesus que conquista, cativa, atrai e acolhe a todos com sua bondade e seu evangelho, com sua proposta de vida. É Jesus quem conquista e nos convida ao seu encontro. É ele quem nos chama, quem nos escolhe e acolhe. (cf. Jo 15,14-17)
·         Ajudar a pessoa a amadurecer: A formação tem como objetivo proporcionar o amadurecimento da fé das pessoas. Esse amadurecimento pode ser entendido como uma adesão sempre mais forte e decisiva a Cristo, num processo que nunca termina, que precisa sempre ser recomeçado (cf. Ef 4,11-16). É uma ilusão pensar que a formação é algo que leva a uma maturidade estática e definida. A fé madura hoje é imatura amanhã. E a experiência de fé que nos sustenta hoje não dá conta dos desafios que o amanhã nos apresentará. Então, de novo, Paulo nos ajuda com Fl 3,16: Não importa o grau a que chegamos; importa prosseguir decididamente num processo de maturação constante.
·         Ajudar a pessoa a se engajar: O engajamento é o sentimento de pertença a uma comunidade, a uma família. É a participação comunitária. Não entendemos o engajamento como simples militância, ou como recrutamento de pessoas para construir o Reino de Deus. Compreendemos que a pessoa precisa se sentir na Igreja como membro de uma família. Essa família, é claro, tem suas metas, seus ideais, suas lutas. Mas não viverá apenas para isso. A família se sustenta pela fraternidade que é gerada entre irmãos e pelo compromisso ético que um tem com o outro: não pelos planos que faz para o futuro. A fé gera esse compromisso que nos irmana em Cristo.

Esses três momentos se revezam e se fundem num processo constante e permanente, de modo que sempre será necessário conquistar, amadurecer e engajar. Ninguém estará completamente conquistado, nem completamente maduro, nem completamente engajado. É preciso cuidar desses três aspectos ao mesmo tempo em relação a cada pessoa, para que o processo formativo não seja interrompido e perca seu caráter permanente. É esse tipo de formação que imaginamos como centro articulador de uma paróquia bem organizada.
A formação permanente conquista, amadurece e engaja tanto as crianças, quanto os adolescentes, os jovens e os adultos. Embora a formação tenha que se adequar às diversas idades, o processo formativo será o mesmo. Com isso, fica superada a idéia de uma catequese escorada nos sacramentos. Mas isso só acontece se houver mudança na forma de organizar a paróquia, pois a vida fraterna com suas estruturas – e não só as reflexões – é que garantem todo o processo. Não adianta nada, por exemplo, ensinar algo na catequese se a paróquia não vive essa experiência. Logo os catequizandos percebem o abismo e reclamam: “Mas por que não é assim na Paróquia? Por que a comunidade vive diferente? Por que na catequese a fé é transmitida assim e na missa é diferente?”. Os católicos não têm tido a formação que merecem e precisam, mas não são incapazes de ver as incoerências internas da vida eclesial, tanto na fé professada, quanto na fé celebrada, quanto na fé vivida. Seria bom não subestimar os católicos.
Quando a paróquia se articula, os catequistas de crianças, por exemplo, podem se ocupar tranquilamente de sua função específica, sem precisar ficar quebrando galho com tarefas que são importantes para a paróquia, mas não são específicas de sua catequese. Por exemplo: a pastoral familiar cuidará da motivação e conscientização dos pais, o conselho econômico cuidará da parte financeira, liberando recursos para a catequese; a pastoral da criança e a pastoral da saúde atenderão as crianças doentes; as equipes de promoção social cuidarão dos casos que exijam um atendimento específico nessa área. Trabalho compartilhado produz melhores resultados. Isso evitará que a catequese de crianças se perca em mil funções, com aquela sensação de que precisa dar conta de tudo, como se fosse responsável por toda a vida paroquial.
A formação permanente, ao ser assumida como centro articulador da paróquia, ainda apresenta outra grande vantagem que vamos chamar aqui de efeito multiplicador.
Quando uma pessoa pouco capacitada ou pouco motivada realiza uma função, corre o risco de frustrar-se a si mesma e aos outros. Quem já não foi atendido alguma vez, em alguma repartição, por um funcionário despreparado? Dá vontade de nunca mais voltar àquele lugar. Isso acontece na Igreja. Se os fiéis não forem bem preparados, o testemunho de sua ação não será convincente. Em vez de atrair outras pessoas, eles afastarão outros fiéis em potencial. Isso, além de ir contra a dinâmica da fé da Igreja e contra seu espírito missionário, gera acúmulo de funções, pois vendo a falta de jeito com que os fiéis trabalham na Igreja, somada à falta de apoio, de capacitação e à improvisação, ninguém mais vai se dispor a participar.
Mas pessoas bem formadas e motivadas atraem outras pessoas que, por sua vez, atrairão outras, gerando um efeito multiplicador. Um catequista, por exemplo, bem capacitado e realizado em sua missão será sempre um incentivo para o surgimento de novos catequistas. Mas, se os catequistas da paróquia mostram no rosto o purgatório que é a vida engajada, ninguém mais vai querer ser catequista.
O efeito multiplicador poderá ser uma resposta à velha questão da falta de operários para a messe. Mas isso só vai acontecer se houver cuidadosa formação no centro da vida paroquial. A formação empolga os operários do Reino, pois é claramente a chance e o lugar de experiência constante da fé, de crescimento e de amadurecimento.
O efeito multiplicador amplia progressivamente o quadro de agentes paroquiais, aprofundando sua formação e seu engajamento. Uma pessoa conquistada pelo testemunho de um cristão maduro buscará também seu amadurecimento; o amadurecimento despertará o engajamento; o engajamento conquistará outras pessoas, expandindo o círculo de atuação da paróquia.  

Textos da professora Solange Maria do Carmo em parceria com o Pe Orione Silva e que serão publicados em formato de um livro, pela editora Paulus, com o título Catequese permanente: fundamentos e organização.

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