2. OS DOIS CAMINHOS
Os judeus rezam os salmos. A Igreja os tomou para consagrá-los como sua oração, especialmente na Liturgia das Horas. Logo o primeiro salmo, à guisa de prefácio do saltério, apresenta a vida do ser humano como encruzilhada de dois caminhos. Toca-nos escolher um deles.
Feliz o homem que descobre o caminho da lei de Javé. Encontra nela prazer, medita-a dia e noite. Não frequenta a roda dos maus, nem se aconselha, com eles, nem trilha o seu caminho (Sl 1, 1-2).
O salmista continua. Tal caminho se assemelha a árvore plantada junto d’água corrente. Viçosa, carregada de frutos, cujas folhas nunca murcham, simboliza a vida e a felicidade de quem trilha o caminho da lei de Deus. Tudo lhe sucede bem (Sl 1,3).
Esse caminho assim embelezado aponta para o gozo que o fiel sente pelo simples fato de assumir a vontade de Deus como regra de vida. Por onde passar, encontrará o prazer de responder ao projeto divino. A felicidade desse caminho não vem de fora. A força do símbolo consiste precisamente em que o visível significa algo profundo interior. Mesmo que no aspecto exterior a vida do justo pareça dura, pesada, seca como o deserto, pela força da presença de Javé se transforma em vergel.
O salmista prossegue. O caminho oposto do ímpio não se assemelha ao do justo. Não! Os caminhos dos pecadores se comparam com a palha que o vento dispersa (Sl 1,4). O salmista vai mais longe. Vê aonde conduzem os caminhos. Ambos levam ao juízo de Deus. Só que o encontrarão diferentemente. Os ímpios não resistirão, em pé, a esse juízo. Não suportarão o conselho dos justos. Estes, por sua vez, se sabem conhecidos por Javé, cujo conhecimento implica intimidade de vida (Sl 1,5-6). O caminho dos justos conduz à vida, o dos maus à morte: eis o cerne da metáfora bíblica dos dois caminhos.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO "O DOMINGO"
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