sexta-feira, 13 de maio de 2011

O que se espera de uma nova catequese?


Que todos desejam uma nova forma de catequizar, parece ponto pacífico. Todos os documentos da Igreja falam em renovação dos métodos e das estruturas. Esse clamor se torna mais intenso nos documentos mais recentes.
Apesar, porém, de desejarmos a renovação, ela não acontece do modo como gostaríamos. Participando dos freqüentes encontros de catequistas ou simplesmente refletindo sobre suas análises, a gente pode perceber que há uma angústia estreitando o processo catequético. As pessoas se entusiasmam com discussões calorosas, mas depois se perguntam: “Por que é que na prática isso não acontece?”.
De fato, é preciso reconhecer o incansável esforço e a extrema boa vontade de nossos catequistas. Mas fica a questão, pois apesar de tanto esforço e boa vontade permanece uma angústia e a sensação de que há algo que está além de nossas forças.
É preciso encontrar o ponto de estrangulamento do processo catequético, para que haja verdadeira renovação. Poderíamos comparar nossa catequese com uma parede cheia de infiltrações. Para consertar o problema, é preciso descobrir qual cano está vazando. Então, tapa-se o buraco e só depois se conserta a parede, dando nova pintura. Enquanto não for encontrado o lugar do vazamento, não adiantará consertar a parede. Às vezes, tem-se a impressão de que estamos pondo novas camadas de tinta na catequese, sem tapar o buraco por onde nossos esforços estão vazando. Ou estamos fazendo mudanças pontuais, aqui e ali, sem mudar nosso referencial e nossa metodologia.
Talvez haja dois pontos principais pelos quais nossa catequese está se derramando: a estrutura ou organização paroquial e a linguagem catequética. Se for assim, precisamos encarar esses pontos para conseguir uma catequese que seja de fato nova.

A organização paroquial
A catequese acontece não nos livros, nem nas reflexões. Ela acontece nas paróquias. Tudo vai depender de como a paróquia se entende e se estrutura. Catequistas aflitos desabafam nas reuniões: “Como vamos atrair os pais?!”. Ora, isso é problema da paróquia. É preciso planejar a evangelização dos pais. Mas essa tarefa é de toda a paróquia e não só da catequese. Outros dizem sem compreender: “Nosso pároco quer um material que permita fazer logo a primeira comunhão”. É a pressa de oferecer os sacramentos.
Então, se não tivermos em nossas paróquias uma organização que dê espaço à formação permanente, não teremos catequese permanente. A organização paroquial é um dos buracos por onde nossa catequese se derrama e se perde.
A paróquia tem um poder imenso. Tem poder de motivar e convencer o povo, tem recursos financeiros, tem poder de mobilização. Quando a paróquia usa seu potencial para formar o povo, o resultado chega a ser surpreendente.
É por isso que os documentos da Igreja já vêm falando, há bastante tempo, da renovação das estruturas paroquiais. Alguns pensam em renovar as paróquias quanto ao seu território, defendendo a idéia de que as paróquias não devam ter um território definido. Outros defendem quase o fim das paróquias. Outros falam em paróquia por afinidade, onde as pessoas se agrupariam, por exemplo, por suas profissões. Pensamos que a renovação das paróquias seja mais no sentido de renovar o modo de organizar a pastoral, que reflete o modo de a Igreja se entender e de lidar com o mundo.
Mesmo levando em conta a importância de a paróquia ser uma rede de comunidades, como hoje se fala, com diversos conselhos que favoreçam a participação dos leigos na hora de tomar decisões – isso ainda é pouco se não mudarmos o modo de organizar nossa catequese, a formação toda da paróquia.
Para que tudo funcione melhor, propomos que a paróquia se articule em torno da formação permanente. Articulação é uma palavra já meio desgastada nos ambientes eclesiais. Mas vamos usá-la pelo sentido que tem. Articular é organizar as muitas atividades de uma paróquia, para que tudo funcione como em uma grande engrenagem, na qual cada peça cumpre o seu papel.
Isso nos faz lembrar a teologia de Paulo sobre a Igreja como corpo formado por muitos membros: cada qual com seu ministério, com sua função, mas organizados em torna da mesma cabeça que é Cristo. Alguns usam essa teologia paulina para justificar uma Igreja piramidal, cuja autoridade vem de cima, do Cristo-cabeça. Mas queremos usar a comparação de Paulo apenas para mostrar como os membros da mesma Igreja-família se unem em torno de Jesus Cristo, aquele que motiva nossa caminhada de fé.


Textos da professora Solange Maria do Carmo em parceria com o Pe Orione Silva e que serão publicados em formato de um livro, pela editora Paulus, com o título Catequese permanente: fundamentos e organização.

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