ECOLOGIA E MISSÃO

10. HOLISMO RELACIONAL

Entrou no vocabulário da ecologia o termo holismo. Vem do grego e significa todo, totalidade. Só ingressaremos no clube dos defensores da natureza se pensarmos holisticamente. De modo simples, quer dizer que “tudo tem que ver com tudo em todos os pontos, em todos os momentos” (L. Bolff).

Olhemos para uma pedra no caminho. Não precisamos ser o poeta Carlos Drummond para ficarmos seduzidos porque “no meio do caminho tinha uma pedra”. Essa pedra tem um antes. Chegou até nós através de bilhões de anos de evolução. Está aí diante de nós a desafiar-nos no seu silêncio. Imaginemos que seja uma esmeralda. Amanhã brilhará no anel de algum bacharel, ufano do triunfo profissional. Quantas relações em uma pequena pedra!

Avancemos com a fantasia. E comecemos a pensar todas as coisas nessa perspectiva. Tudo adquire novo sentido, respeito, cuidado. Nada é inútil. Abandonemos a arrogância de julgar-nos centro de tudo e desprezar todos os outros seres. Aliás, quantas vezes dizemos a palavra “coisa” de maneira depreciativa ao nos referir a realidades diversas de nós!

Essa visão holística implica nova sensibilidade, nova compreensão da Terra e de tudo o que nela existe. Substituímos um olhar detalhista, que disseca a realidade, para ver tudo em bela harmonia. Cada ser soa uma nota em imensa sinfonia. Conjugamos dois olhares paradoxais que convergem para uma única compreensão. Singularidade e relação resumem-nos. Contempla-se cada ser na sua indivisível singularidade. Então parece que veríamos uma infinidade de pontos díspares. Mas, num segundo momento, unimo-los com o olhar num maravilhoso desenho em belíssima unidade. Assemelha-se a uma noite estrelada e clara em que contemplamos cada estrela em sua beleza e o céu todo numa fantástica orquestra sideral.

J. B. Libanio, sj

TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”

MARCADOR: ECOLOGIA E MISSÃO

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