sexta-feira, 16 de julho de 2010

Catequese no cenário da Pós-Modernidade - 8



Tarefa também importantíssima da catequese atual é procurar delinear os traços mais marcantes de um novo paradigma catequético e suas bases teológicas. Vamos falar sobre isso!


c) 3ª tarefa: Delinear os traços mais marcantes de um novo paradigma catequético e pesquisar suas bases teológicas.

Faz-se mister traçar melhor os contornos do paradigma catequético evangelizador, buscando suas características mestras e compreendendo suas exigências e seus desafios1.

Os catequetas têm tendido a elaborar uma catequese evangelizadora, mais centrada na iniciação cristã, ainda que seu destinatário já tenha recebido alguns dos sacramentos da iniciação. O que se pergunta é o seguinte: Seria loucura pensar em uma catequese evangelizadora, enquanto, na maioria das vezes, ela foi pensada como aperfeiçoamento de uma fé pressuposta? Ou seria, utilizando uma expressão rahneriana, “segurismo da audácia” ter coragem de procurar novos caminhos que possam ser percorridos por homens e mulheres deste tempo?

Outra marca do novo paradigma tende a ser o caráter experiencial da fé2. Catequetas de várias partes do mundo se mostram tendenciosos a pensar a catequese com uma vertente mais experiencaial. O catequeta Pedrosa chega a afirmar que, com os modelos catequéticos vigentes, não é possível haver “uma genuína Iniciação Cristã, suscitadora e promotora de crentes, com uma verdadeira experiência de fé, de encontro interpessoal com o Deus revelado”3. Já é conhecida a frase lapidar de Rahner: “O cristão do século XXI será místico ou não será cristão”. Alberich afirma: “Temos certamente um elemento claro do novo paradigma da catequese: o aspecto experiencial. Se queremos anunciar que Jesus Cristo é nosso salvador, isto somente pode ser entendido se podemos apresentar uma verdadeira experiência de salvação”4.

O esforço para delinear o perfil desse novo paradigma catequético, com seus traços mais marcantes, não se apresenta como uma opção possível, um luxo talvez, mas como urgência pastoral da Igreja.

O tema da III Semana Brasileira de Catequese, que aconteceu em 2009, parecia indicar buscas de novas respostas nesse campo também no Brasil. O tema era audacioso, apesar de exprimir uma inexatidão que faz pensar se de fato o processo catequético foi compreendido na sua totalidade. Certamente o que se queria abordar era “Catequese, caminho de discipulado” e não “Catequese, caminho para o discipulado”. Afinal, a catequese já é caminho de discipulado e não uma etapa para se chegar a ele. Ainda assim a proposta era ousada: repensar a catequese como processo de iniciação cristã. Parecia que ventos novos começavam a soprar na catequese brasileira, mas o resultado foi tímido demais, bem aquém dos desafios impostos pela mudança epocal muito bem constatada pelos assessores. Um novo paradigma catequético foi no máximo ventilado de relance. Nenhum assessor se arriscou a traçar características desse novo paradigma. Muito menos ainda foram pensadas suas bases teológicas.

Mas é preciso se perguntar: Se muda o tempo não seria necessário mudar o paradigma catequético? Se a resposta é afirmativa, que bases teológicas mantêm esse edifício catequético de pé? Que teologia, eclesiologia, antropologia e pedagogia da fé o sustentam? Parece ser fundamental responder a essas perguntas ou a catequese hoje seria apenas a velha e surrada catequese com verniz de Pós-Modernidade: um pecado imperdoável diante da sede do novo que alavanca a reflexão catequética. Torna-se urgente, então, procurar esses pressupostos teológicos, avaliando riscos e vantagens desse novo paradigma.
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1 Sobre um dos maiores desafios do novo paradigma catequético (seu caráter mistagógico e de iniciação) cf. VILLEPELET, Catequese como iniciação, p. 39-44.
2Cf. GONZALEZ-CARVAJAL, Catorze opiniões, p. 196.
3 PEDROSA, V. In: ALBERICH, Emílio; MARTINEZ, Donaciano; PEDROSA, Vicente; GINEL, Álvaro. Mesa Redonda. Catequética, v. 45, n. 3, p. 130-154, 2004. p. 143.
4 ALBERICH, Mesa Redonda, p. 143.
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SOLANGE MARIA DO CARMO
DOUTORANDA EM CATEQUESE E PROFESSORA DE TEOLOGIA BÍBLICA NA PUC-BH
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMANENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE ESTÁ SENDO USADO EM NOSSA DIOCESE)
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