14. O CAMINHO DO HUMANISMO CRISTÃO
Não poucos cristãos desencantaram-se da trajetória religiosa tradicional que levavam. Embarcaram de peito aberto no processo de secularização. Aprenderam a valorizar as realidades terrestres, a reconhecer-lhes a autonomia, a entusiasmar-se pelo compromisso social. Tiveram a graça de encontrar nesse novo caminho não perda da fé, mas purificação e aprofundamento.
Nutriram-se de teólogos sérios que souberam mostrar-lhes que certo tipo de secularização não contradiz a fé cristã. Antes, que a fé bíblica no Deus criador, que entregou ao ser humano a tarefa de cuidar do mundo e de construir a história, cumpriu função secularizadora em face de religiões que transportavam para o mundo dos deuses os problemas humanos e traziam os deuses para configurar o mundo dos homens.
O cristão sabe que Deus está a seu lado, mas de modo diferente: não lhe retira a responsabilidade histórica. Mais. Vê na pessoa de Jesus Cristo aquele que trilhou aqui na terra trajetória humana até o extremo. Fascinou-lhe a afirmação de L. Boff, inspirada em Fernando Pessoa, ao falar de Jesus Cristo: “Humano assim só pode ser Deus mesmo”.
Trouxe-lhe imensa felicidade e paz interior saber-se seguidor de Jesus Cristo precisamente no momento em que se engaja com seriedade na luta pela justiça, pela liberdade e pela paz.
Ao se comparar com o militante ateu, que dedica heroicamente a vida à libertação dos pobres e à construção de sociedade justa e fraterna, esse cristão não se sente nenhum alienado. Leva com igual seriedade o mesmo compromisso. Só que ainda lhe vem de graça a dupla certeza de que aqui na terra constrói o reino de Deus e além da história mergulha na certeza do amor de Deus que o acolhe.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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