quinta-feira, 21 de outubro de 2010

ECOLOGIA E MISSÃO


24. ECOLOIA E A AMAZÔNIA
Em face da devastação crescente da Amazônia, brota a indignação ética. Mas, parando aí, cai-se na esterilidade. A gravidade do problema ecológico vai desde a luta contra a poluição do ar e da água até a criação de uma mentalidade nova, religiosa, de encantamento por todo o cosmos.
Estamos, no Brasil, numa fase crítica, em que decisões importantes agora tomadas podem comprometer o futuro de modo desastroso. Ainda há tempo de revertê-las. A Amazônia é, fora de dúvida, o palco maior em que forças poderosas travam batalha.
Como sempre, as posições extremas falseiam o problema. Evidentemente uma área do tamanho da Amazônia não pode ser embargada a toda ocupação humana, tornando-se uma reserva intocada, museu verde para a fantasia de sonhadores. Do outro lado,  a exploração enlouquecida e gananciosa realizada por madeireiras, mineradoras, fazendeiros e empresas transnacionais vem destruindo um patrimônio da humanidade de cuja conservação somos depositários.
Espera-se uma política séria e confiável. Esbarramos  no problema mais grave de nossa política: a falta de uma consciência de responsabilidade ética pelo bem público. Homens do governo têm disposto da Amazônia como coisa própria, favorecendo empresas a troco de deslavado suborno e experimentando rápido enriquecimento pessoal.
O tamanho da Amazônia, a dificuldade dos controles, a mentalidade de conquista, a irresponsabilidade de políticos têm transformado esse território no calcanhar de Aquiles da ecologia no Brasil. Buscando parafrasear o poeta latino diante da ruína de Tróia, alguém chegará amanhã à Amazônia e exclamará: Hic desertus ubi Amazonia fuit (“Aqui está o deserto que outrora era Amazônia”).
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
MARCADOR: LITURGIA
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