Todo o Evangelho de Lucas mostra Jesus em caminho. A passagem proclamada hoje é o inicio da segunda parte do evangelho, quando Jesus decide ir a Jerusalém e envia discípulos para preparar os lugares por onde ele mesmo passaria, anunciando a boa-nova.
O que mais impressiona não é o fato de os discípulos terem sido rejeitados pelos samaritanos, pois judeus e samaritanos eram inimigos de longa data. O que chama a atenção é o fato de Tiago e João terem compreendido que eram dois dos discípulos mais próximos de Jesus. Querem que um fogo do céu destrua os samaritanos que os rejeitam. Imaginam um messias glorioso e triunfante, que extermina os adversários.
Ao recuar a proposta dos discípulos, Jesus mostra que ele e seus seguidores enfrentarão oposição e rejeição. Mas Jesus nunca rejeita aqueles que o rejeitam. Seu caminho não é o caminho imaginado pelos discípulos, de julgamento e vingança, mas o caminho de sofrimento e doação da própria vida.
Aliás, o mestre recorda que não tem onde repousar a cabeça. Sua missão é difícil e seu caminho é exigente. E os que desejam segui-lo são chamados a participar com ele do mesmo destino de sofrimento e morte.
Neste caminho, até obrigações mais sagradas como sepultar o próprio pai são deixadas em segundo plano. Porque seguir Jesus é entrar num dinamismo sem volta, que, em vez de manter os discípulos no saudosismo, os lança para a frente, para os desafios da evangelização.
Ainda hoje somos enviados a preparar a passagem de Jesus, neste mundo carente de uma verdadeira boa notícia da parte de Deus. A rejeição continua sendo para nós uma prova de fogo. Diante dela podemos ceder e seguir um caminho de quem quer julgar e condenar. Ou podemos fortalecer nosso seguimento, recordando que nosso caminho de doação, entrega da própria vida e amor também aos inimigos.
Pe Paulo Bazaglia, sspa
Texto publicado no folheto “O Domingo”
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