Ora, se um ser profundamente marcado pela fé cristã ainda morava no recôndito da consciência moderna, tão sedenta de explicações, o mesmo não pode mais ser afirmado do homem pós-moderno. O tempo que se chama hoje surge no cenário da história trazendo novidades.
c) O novo destinatário da catequese
O novo milênio desponta sob a égide da secularização. A aurora anunciada é de abandono da fé cristã, apesar do ressurgimento do sagrado – inclusive do cristianismo – que se observa.
Atravessamos um período de verdadeira recomposição espiritual. A atração pelo religioso, inclusive o cristão, não desapareceu, foi metamorfoseada. [Os batizados] já não se sentem cristãos da mesma maneira que antes; mas com uma diferença que aproveita as realidades religiosas disponíveis. Cada indivíduo toma a liberdade de construir uma espécie de religião privada, livre de toda restrição institucional. Trata-se de uma fé mais nômade e imprecisa, que representa a dimensão mais livre da liberdade É um fator de realização pessoal, que não está necessariamente orientado para a transcendência. A busca espiritual de muita gente fica reduzida a uma migração dentro de si mesmo .
Já não se respira mais aquele ar cristão nas famílias, nem mesmo em um país de maioria católica como o Brasil. Já não se pensa no formato católico. Desponta uma nova configuração social. Com novo vocabulário e nova gramática religiosa . A sociedade não se organiza mais em torno dos valores difundidos pela Igreja. Uma mudança de época também para o Brasil! E o fato de uma pessoa se declarar católica – no Censo, por exemplo – não significa adesão à boa-nova de Jesus Cristo, muito menos aos ensinamentos da Igreja. Não quer dizer nem sequer frequência nas liturgias e fidelidade à pratica sacramental da Igreja. Uma religião católica com novos contornos foi desenhada nos últimos anos: um catolicismo light, feito de diversificados elementos bem selecionados num amplo self-service da religião que a Pós-Modernidade oferece. Uma verdadeira bricolagem, minuciosamente bem feita e com elementos por vezes contraditórios, mas que se coadunam sem causar constrangimento: uma religião sem vínculos de pertença. Diz Clifford Geertz que “a religião tornou-se cada vez mais – torna-se cada vez mais – um objeto flutuante, desprovido de toda ancoragem social em uma tradição pregnante ou em instituições estabelecidas.
Diante dessa mudança epocal, a Igreja percebe a urgência de anunciar a boa-nova de Jesus Cristo de forma que ela seja de novo crível. Observa a CNBB:
A onda secularizante da cultura moderna, a falência das utopias sustentadas pelas promessas do Iluminismo e a força desagregadora do processo de globalização, balizado por critérios puramente econômicos, voltados para o consumo, geraram um vazio tal, de esperança e de valores, que a missão de evangelizar nos aparece cada vez mais como a urgência das urgências .
Ou, como afirmou Nery, “já não é mais possível continuar ingenuamente nos restos de Cristandade que ainda há entre nós, da fé como social, um costume da família, como parte do fato de ser brasileiro .
É hora de assumir o novo sujeito social, destinatário da boa-nova: um sujeito a quem é preciso propor a boa-nova como força para viver, sem rebaixar o que essa Palavra tem de abrupta e desconcertante. Já é tempo de fazer conhecer aos homens e mulheres de nosso tempo “o frescor da boa-nova de Jesus Cristo, para além das sombras e barreiras que a tem desvirtuado” .
O novo milênio desponta sob a égide da secularização. A aurora anunciada é de abandono da fé cristã, apesar do ressurgimento do sagrado – inclusive do cristianismo – que se observa.
Atravessamos um período de verdadeira recomposição espiritual. A atração pelo religioso, inclusive o cristão, não desapareceu, foi metamorfoseada. [Os batizados] já não se sentem cristãos da mesma maneira que antes; mas com uma diferença que aproveita as realidades religiosas disponíveis. Cada indivíduo toma a liberdade de construir uma espécie de religião privada, livre de toda restrição institucional. Trata-se de uma fé mais nômade e imprecisa, que representa a dimensão mais livre da liberdade É um fator de realização pessoal, que não está necessariamente orientado para a transcendência. A busca espiritual de muita gente fica reduzida a uma migração dentro de si mesmo .
Já não se respira mais aquele ar cristão nas famílias, nem mesmo em um país de maioria católica como o Brasil. Já não se pensa no formato católico. Desponta uma nova configuração social. Com novo vocabulário e nova gramática religiosa . A sociedade não se organiza mais em torno dos valores difundidos pela Igreja. Uma mudança de época também para o Brasil! E o fato de uma pessoa se declarar católica – no Censo, por exemplo – não significa adesão à boa-nova de Jesus Cristo, muito menos aos ensinamentos da Igreja. Não quer dizer nem sequer frequência nas liturgias e fidelidade à pratica sacramental da Igreja. Uma religião católica com novos contornos foi desenhada nos últimos anos: um catolicismo light, feito de diversificados elementos bem selecionados num amplo self-service da religião que a Pós-Modernidade oferece. Uma verdadeira bricolagem, minuciosamente bem feita e com elementos por vezes contraditórios, mas que se coadunam sem causar constrangimento: uma religião sem vínculos de pertença. Diz Clifford Geertz que “a religião tornou-se cada vez mais – torna-se cada vez mais – um objeto flutuante, desprovido de toda ancoragem social em uma tradição pregnante ou em instituições estabelecidas.
Diante dessa mudança epocal, a Igreja percebe a urgência de anunciar a boa-nova de Jesus Cristo de forma que ela seja de novo crível. Observa a CNBB:
A onda secularizante da cultura moderna, a falência das utopias sustentadas pelas promessas do Iluminismo e a força desagregadora do processo de globalização, balizado por critérios puramente econômicos, voltados para o consumo, geraram um vazio tal, de esperança e de valores, que a missão de evangelizar nos aparece cada vez mais como a urgência das urgências .
Ou, como afirmou Nery, “já não é mais possível continuar ingenuamente nos restos de Cristandade que ainda há entre nós, da fé como social, um costume da família, como parte do fato de ser brasileiro .
É hora de assumir o novo sujeito social, destinatário da boa-nova: um sujeito a quem é preciso propor a boa-nova como força para viver, sem rebaixar o que essa Palavra tem de abrupta e desconcertante. Já é tempo de fazer conhecer aos homens e mulheres de nosso tempo “o frescor da boa-nova de Jesus Cristo, para além das sombras e barreiras que a tem desvirtuado” .
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VILLEPELET, Los desafios planteados a la catequesis francesa. Sinite, n. 141, p. 87-102, 2006. p. 88.
Sobre essa nova gramática, Denis Villepelet, interpretado por Alberich, em sua palestra no encontro de Catequetas de Paris, em 2003, afirma: “torna-se urgente privilegiar o primeiro anúncio da fé, mas devemos reconhecer que deste primeiro anúncio falta-nos ainda a ‘gramática’”. ALBERICH, Emílio. Um novo paradigma para a catequese num mundo em mudança: instâncias e perspectivas catequéticas de um recente encontro catequético. Revista de Catequese, v. 26, n. 101, p. 34-41, 2005. p. 40.
GEERTZ, Clifford. La Religion, sujet d'avenir. Le Monde, 04/05/06.
CNBB. Evangelização e missão profética da Igreja: novos desafios. Documento 80. São Paulo: Paulinas, 2005. p. 22.
FOSSION, El nuevo paradigma, p. 53.
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SOLANGE MARIA DO CARMO
DOUTORANDA EM CATEQUESE E PROFESSORA DE TEOLOGIA BÍBLICA NA PUC-BH
AUTORA DA COLEÇÃO CATEQUESE PERMANENTE DA PAULUS EDITORA COM Pe ORIONE (MATERIAL QUE ESTÁ SENDO USADO EM NOSSA DIOCESE)
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CLIQUE NO MARCADOR À ESQUERDA DE SEU VÍDEO EM "SOLANGE MARIA DO CARMO" E ACOMPANHE TODOS OS TEXTOS DE SOLANGE
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