ANO CATEQUÉTICO

4.É POSSÍVEL TRANSMITIR A FÉ?

Várias pessoas tiveram a graça de conhecer o Filho de Deus encarnado: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que as nossas mãos apalparam do Verbo da vida” (IJo, 1,1). Poderiam essas pessoas ficar inertes? Poderiam guardar para si próprias semelhante tesouro? Ou deveriam compartilhá-lo com o maior número possível de irmãos e irmãs, pessoas e comunidades?

O apóstolo Paulo exprimiu muito bem qual o destino de quem se encontrou com o Ressuscitado: “Ai de mim se eu não evangelizar” (ICor 9,16), de fato, a alegria desse tesouro deve chegar a todos os povos: “Felizes os que não viram e creram” (Jo 20, 29b).

A fé é incontida adesão à verdade do Pai, não pela evidência, mas pelo testemunho do Filho e pela força do Espírito. Ela é uma energia, semelhante à de uma semente, cujo dinamismo conduz à santidade. Jesus fundou uma comunidade de verdade, justiça, solidariedade e amor que não se satisfaz em se autocontemplar, mas se reconhece a serviço do mundo.

A fé em Cristo, morto e ressuscitado, porém, não é transmitida como se fosse apenas um costume familiar ou cultural. Ela nos é transmitida pela Tradição viva, na qual se insere o mistério da Igreja. Na Tradição transmite-se a revelação da comunicação que Deus fez de si mesmo para o mundo por meio dos profetas, de Jesus Cristo e dos apóstolos, cuja missão permanece na Igreja. É como um rio que brota da fonte e vai irrigando as diversas margens; ou uma árvore que cresce e produz muitos ramos carregados de frutos: quanto mais ela se lança para o céu, mais tem necessidade de enraizar-se profundamente na terra.

Quanto mais estudarmos os mistérios da fé, informada pelo amor, mais encontraremos nossa identidade humana e cristã, porque estaremos cada vez mais próximos da seiva que nos alimenta, da graça redentora de Jesus Cristo.

Domingos Zamagna.

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