sexta-feira, 9 de setembro de 2011

VALE A PENA LER DE NOVO!!! COLEÇÃO CATEQUESE PERMANENTE


ENTENDENDO A PROPOSTA - 2

Na semana passada, falamos que, por meio da Coleção CATEQUESE PERMANENTE, queremos proporcionar a catequizandos e catequistas uma verdadeira experiência de Deus. Para isso, organizamos os conteúdos dos livros, que servem de mediação para essa experiência, em três fases: PRÉ-EVANGELIZAÇÂO, EVANGELIZAÇÂO FUNDAMENTAL E CATEQUESE COM ADOLESCENTES.
Já conversamos um pouco sobre a Pré-evangelização. Hoje vamos tratar da Evangelização Fundamental.

2.      EVANGELIZAÇÃO FUNDAMENTAL
Essa é a segunda fase do processo catequético, com o objetivo de ajudar as crianças, em quatro anos – dos oito aos onze – a experimentar, a interiorizar o mistério pascal. Por isso, chamamos de evangelização fundamental. Queremos que as crianças descubram e experimentem os fundamentos da fé, que não é uma doutrina, nem apenas uma mensagem, mas um evento: Jesus Cristo morto e ressuscitado.
Mas quais são esses fundamentos? Aqui convém lembrar o que se tem dito hoje sobre a necessidade de uma catequese querigmática que leve as crianças, no nosso caso, a fazer uma experiência de Deus e não somente a aprender um conteúdo. O centro da catequese não é um conjunto de doutrinas que se guarda na memória, mas uma pessoa que se guarda no coração: Jesus! Em torno da pessoa de Jesus, centro de nossa fé, pensamos em seis pontos fundamentais para a nossa iniciação cristã: seis verdades da fé que se tornam mediação segura para uma profunda experiência cristã.
a)   Experiência da bondade de Deus
O processo formativo será sempre um encontro com Deus. Para que a pessoa se sinta motivada para esse encontro, precisa ter uma visão positiva de Deus. Se a pessoa, no seu subconsciente, tem uma concepção estranha de Deus, não vai se sentir tão motivada a se aproximar dele a ponto de criar mais profunda intimidade.
O que acontece, infelizmente, é que Deus se tornou para o nosso povo uma realidade distante e desnecessária. As pessoas, no fundo, imaginam um Deus mau, que castiga, que julga, que vigia nossos atos para nos punir, que se irrita e se ofende com nossas falhas, que dá sorte a uns e reserva surpresas desagradáveis a outros, que envia chuva em excesso ou sol em abundância. Afinal, o povo pensa que Deus é como um administrador do mundo, que tudo decide e em tudo intervém, restando ao homem curvar-se humildemente aos seus desígnios.
Se a gente não ajudar o povo a conceber outra imagem de Deus, o processo catequético ficará seriamente comprometido. Por isso, o primeiro passo da formação deveria ser este: mostrar um Deus que é amor, que é misericórdia, que é bondoso e compassivo, que quer nossa felicidade, que nos criou para uma vida boa, um Deus preocupado com o nosso bem, um Deus mais companheiro e amigo. Isso vai ajudar a pessoa a fazer uma experiência positiva de Deus. Porque normalmente as pessoas são marcadas por experiências negativas de Deus. Desde pequenos, ouvimos mensagens negativas sobre Deus: “Faz isso não que Deus não gosta”; “Cuidado, Deus está vendo”; “Deus ficou triste com você”. E por aí vai.
Tanto a criança, quanto o adolescente, o jovem e o adulto deveriam começar seu processo formativo por uma forte, profunda e positiva experiência do Deus companheiro, do Deus conosco, revelado por seu Filho Jesus Cristo.
b)  Experiência da condição humana
O segundo ponto fundamental do processo catequético deveria ser uma mais profunda compreensão do ser humano, em seu mistério. Compreender o ser humano significa entender suas qualidades e defeitos, força e fraqueza, liberdade e limitações, virtude e pecado. Quando a pessoa faz a experiência profunda de si mesma, entende qual é a importância de voltar-se para Deus.
A pessoa humana tende a ter uma imagem distorcida de si própria: ou muito pessimista e auto-destrutiva ou muito otimista e auto-suficiente. Quem se vê na ótica do pessimismo e da auto-destruição não tem força nem para buscar a Deus, pois se sente indigno e incapaz de Deus. Quem se vê na ótica do otimismo exagerado e da auto-suficiência não tem vontade de buscar a Deus, pois pensa que não precisa dele.
Em ambos os casos, a pessoa crê em Deus, mas não tem interesse de se aproximar dele para um encontro mais íntimo. E toca sua vida sem ele. Descarta-o, pois ele não lhe convém.
Então, não basta ajudar a pessoa a fazer sua experiência de Deus-Pai, que nos ama, como Jesus nos revelou. É preciso ajudar a pessoa a compreender o mistério do ser humano, enxergando o quanto é maravilhosa a vida, quando vivida na comunhão com Deus. Se o homem tem suas limitações – e como as tem! –, Deus é a chance da plenitude. Essa descoberta é fundamental no processo formativo, tanto para crianças, quanto para adolescentes, jovens ou adultos. É preciso resgatar a imagem do homem como ser amado e querido por Deus, como sua imagem e semelhança, como seu filho em Jesus Cristo, imagem tão distorcida no mundo de hoje.
c)   Experiência da Salvação
O terceiro ponto da Evangelização Fundamental seria realizar a profunda experiência da salvação, compreendendo o sentido mais profundo da vida de Jesus. É o momento de anunciar Jesus, na sua profundidade.
Quando falamos de Deus-Pai no primeiro módulo, já o fizemos a partir de Jesus Cristo, o Filho querido de Deus que nos revelou o Pai. Mas é preciso mais do que mostrar quem é o Deus de Jesus Cristo. É preciso conhecer e amar Jesus Cristo, que nos leva ao Pai. As pessoas sabem pouco sobre Jesus. Muito pouco! Sabem que foi um homem muito bom, sabem que morreu na cruz, sabem que ressuscitou, sabem que a Igreja fala muito de Jesus. Mas não conhecem o sentido profundo da vida de Jesus e o que ele representa para a humanidade, dentro do plano salvífico de Deus.
No subconsciente do nosso povo, existe ainda aquela idéia do catecismo antigo de que Deus mandou seu Filho ao mundo para morrer na cruz. Então, a morte de Jesus foi mesmo capricho de Deus. Deus-Pai teria se irritado com os pecados da humanidade e somente um Filho de Deus poderia reparar essa ofensa infinita. Derramando o seu sangue na cruz, com requintes de crueldade, Jesus saciou a sede de vingança de Deus, aplacando a cólera divina, suavizando o braço de Deus que pesava sobre a humanidade e, enfim, abrindo as portas do céu que Deus havia fechado depois do pecado de Adão e Eva. Tudo isso está na mente do povo, até de muitos líderes engajados e de pastores que já estudaram teologia. Infelizmente, o que está no subconsciente, advindo do catecismo, influencia mais que a teologia aprendida nos institutos.
Quem conserva essa visão de Jesus não vai querer um encontro mais profundo com Deus. Essas noções, como o povo as entende, são detestáveis. Elas provocam aversão à religião.
O povo precisa entender a beleza da revelação divina. Precisa compreender como Deus enviou seu Filho ao mundo para que o mundo conhecesse o infinito amor do Pai; como Jesus veio para nos resgatar e nos mostrar um caminho novo para uma vida nova; como Jesus demonstrou amor à humanidade e fidelidade ao projeto do Reino até na cruz; como a ressurreição abre novas perspectivas para toda a humanidade. Se não resgatarmos o sentido profundo da vida de Jesus, não será possível a tão desejada maturidade cristã. Na melhor das hipóteses, o povo pensa que Jesus é um ídolo. Os jovens normalmente o consideram assim. Mas isso não é suficiente. Jesus é mais que ídolo. O cristão que busca a maturidade precisa experimentar a profundidade do mistério de Jesus como Salvador, fazendo a experiência da salvação.
d)  Experiência da Conversão
O quarto ponto da Evangelização Fundamental é levar a pessoa a realizar a experiência da conversão. Conversão aqui significa aquela resposta de vida que a pessoa dá diante do mistério de Deus, do homem e da salvação. Esses três mistérios, que se fundem num só, exigem de nós uma postura. Ninguém pode permanecer impassível e indiferente depois de experimentar a profundidade desses mistérios.
A resposta nossa será de fé e conversão. Diante do mistério de Deus, o homem crê. É a fé. E adere. É a conversão. Fé e conversão são duas realidades que se completam e conduzem a uma adesão à proposta de Deus.
Falando de fé e conversão, estamos também diante de conceitos mal entendidos pelo nosso povo. O povo pensa que fé é uma força mental, ou uma emoção, e que conversão é proceder direitinho. A idéia de converter-se está manchada por uma fatal onda de moralismo que provoca uma reação negativa na pessoa. E a noção de fé como força mental faz pensar que ela seja uma realidade que não pode ser trabalhada: ou se tem ou não se tem; enquanto que a fé como emoção faz pensar que basta sentir algo bom para se ter fé.
É preciso conduzir o povo a uma experiência mais profunda de conversão, partindo de uma fé profunda – que significa mais aceitação do mistério de Deus do que força  e mais obediência à sua Palavra que emoção momentânea –, chegando a uma adesão de vida ao projeto de Deus. A experiência da conversão significa aceitar o mistério de Deus e aderir a ele de coração, comprometendo com o seu Reino, assumindo na vida o projeto de amor que ele já iniciou.
Sem isso, o processo formativo ficaria incompleto. E, mais uma vez, é preciso dizer: Seja criança, adolescente, jovem ou adulto, qualquer pessoa precisará passar por essa experiência.
e)   Experiência do Espírito Santo e da missão
Esse seria o quinto passo da Evangelização Fundamental. Depois de aceitar o mistério de Deus e aderir a ele, a pessoa precisa compreender o dinamismo da vida do cristão. Experimentar o Espírito Santo é compreender esse dinamismo. O Espírito significa a força de Deus agindo em nós; significa que não estamos órfãos; o Espírito é nosso paráclito-consolador; significa que nossa vida terá sempre uma dimensão sobrenatural, pois somos templos do Espírito Santo.
A experiência do Espírito Santo é um processo bastante amplo. Poderíamos resumi-lo em dois pontos fundamentais: a compreensão de que temos uma missão neste mundo e a certeza de que não estamos sozinhos nessa missão, pois somos guiados por Deus, por meio de seu Espírito. Essa experiência da missão e da força é fundamental para a maturidade cristã.
Falando do Espírito Santo, mais uma vez precisamos levar em conta a dificuldade que o povo tem de compreender seu mistério. O povo não tem boa noção sobre o Espírito Santo. Uns acham que o Espírito é uma luz que ilumina nosso intelecto. Então, rezam ao Espírito Santo antes de fazerem uma prova na escola, por exemplo, achando que o Espírito Santo ajuda a tirar nota boa. Outros pensam que o Espírito Santo seja uma força milagrosa que opera em nós, realizando coisas e fenômenos fantásticos e incomuns, caindo em certo pentecostalismo. Há quem entenda a expressão “somos templos do Espírito Santo” de forma moralista. Essa expressão foi muito usada para aconselhar a pureza sexual. A pessoa devia evitar certos comportamentos porque é templo do Espírito Santo. Sem desvalorizar a boa intenção desse argumento, é preciso aceitar que se trata de argumentação frágil para o objetivo que se quer alcançar. Tudo isso prejudica a experiência profunda do Espírito Santo.
Quem não se abre para uma nova experiência no Espírito, doado a nós por Jesus, não percebe também o sentido da Igreja, nem da missão que temos no mundo, nem da sacramentalidade da vida, nem o sentido da presença de Deus em nós, nem o sentido do fim vitorioso do mundo. Por isso, apesar da complexidade dessa experiência, ela é fundamental no processo formativo. Qualquer que seja a faixa etária da pessoa, ela precisará fazer essa experiência para atingir sua maturidade.
f)    Experiência de ser Igreja
Este é o sexto ponto da Evangelização Fundamental. Experimentar a Igreja é se sentir Igreja. É construir laços de pertença. É entender o sentido e a importância da vida comunitária, da participação, da comunhão, do engajamento, dos serviços, dos ministérios, da fraternidade, da partilha, da fé vivida na grande família de Deus. Afinal de contas, a fé não foi por nós inventada, mas herdada, transmitida a nós, que a acolhemos – é claro – numa adesão pessoal, numa decisão única. 
À primeira vista, essas noções parecem simples. No entanto, talvez seja bom nos perguntarmos: Será que o povo se sente Igreja? Será que o povo aceita mesmo a Igreja como grupo de pertença? Será que o povo já entendeu o sentido de viver em comunidade? Será que experimenta a alegria do engajamento?
Às vezes fica a impressão de que o povo considera a Igreja uma agência de prestação de serviços. O povo não se sente Igreja. As pessoas vão à Igreja em busca de serviços. O povo freqüenta a comunidade, mas nem sempre vive comunitariamente. O povo se engaja em trabalhos paroquiais muitas vezes porque o padre convidou e não se pode dizer não a um convite assim. Mas parece, muitas vezes, que isso é mais um sacrifício que se faz em nome de Deus, para ganhar o céu, do que propriamente uma descoberta de que a Igreja somos todos nós, o povo que professa e vive sua fé no Deus de Jesus Cristo por força de seu Espírito.
Então, é preciso ajudar o povo a fazer a profunda experiência de ser Igreja. Sem isso, o processo formativo ficaria seriamente comprometido. Todas as experiências anteriores encontram seu lugar concreto na vivência eclesial. Não estamos falando de vivência eclesial apenas para fortalecer a Igreja, num interesse triunfalista. Acreditamos que, de fato, a vivência eclesial é um elemento importante no processo de amadurecimento da pessoa humana. Daí a importância desse sexto passo.
Esses seis pontos se integram e se fundem, constituindo as bases do processo formativo. Na coleção CATEQUESE PERMANENTE, eles estão agrupados em quatro livros, chamados de módulos:
Módulo 1: DEUS É AMOR: Aqui falamos da experiência da bondade de Deus e da condição humana. Mostramos aos catequizandos uma visão bonita de Deus e uma visão bonita da vida, como dom de Deus. Depois, falamos da condição humana, marcada pela fraqueza e pela necessidade de vencê-las.
Módulo 2: JESUS, NOSSO SALVADOR: Aqui nosso objetivo é conduzir os catequizandos a fazer a experiência da salvação, entendendo o que ela significa, concluindo com a experiência da fé e da conversão, como resposta a Cristo.
Módulo 3: O ESPÍRITO NOS SUSTENTA: Nesse livro, ajudamos os catequizandos a compreender e a amar a missão que Jesus nos dá, lembrando que não estamos sós, pois o Espírito Santo nos acompanha e capacita para essa missão. Não se trata só de pôr em prática o que Jesus ensinou, cobrando dos catequizandos a ligação fé-vida. Trata-se de descobrir o evangelho como força transformadora de vida, de ter a experiência da fé como legítima, como autêntica força que move a vida toda, e não somente parte dela.
Módulo 4: SOMOS IGREJA: Encerrando a fase da Evangelização Fundamental, conduzimos os catequizandos a ver a Igreja de um modo mais profundo, como a família da qual fazemos parte pela fé. Não apenas participamos de uma Igreja. Nós somos Igreja. Cremos como Igreja e em Igreja.
Esses quatro módulos – quatro livros – ajudam a fazer as experiências fundamentais de nossa fé. Terminada essa fase, o catequizando está entrando na adolescência. Propomos, então, mais quatro módulos voltados para o mundo do adolescente.
Depois desses módulos, a catequese continua. Porque a experiência de Deus é para toda a vida. Na próxima semana, falaremos sobre a catequese com os adolescentes.
Solange do Carmo
Pe Orione Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá. Seja bem vindo (a)!!! Deixe seu comentário. Será bem legal.
Obrigada. Volte sempre!!!!!