15. O CAMINHO DA RAZÃO HUMANA SEM DEUS
Cresce nova proposta de caminhar em direção à felicidade, afastando radicalmente toda sombra de Deus. A própria afirmação de Deus limita e empobrece o ser humano.
Deus, em vez de ser aquele de que fala santo Agostinho como descanso de nossa última inquietude, torna-se, para os caminheiros dessa via, estorvo e desvio da felicidade. Um neoateu atual chama-o de delírio. Para ele, só existe o mundo verificável que construímos com nossa inteligência, sem necessitar em nada de Deus. No princípio existe o universo material, e dele vieram a mente, a beleza, as emoções, os valores morais. Tudo flui por força de gigantesco processo evolutivo.
Entreguemos ao acaso e à necessidade tudo o que existe e o que virá, sem maior preocupação que conhecer melhor as leis científicas que regem o mundo. Tudo cairá sob nosso controle no momento em que desvendarmos os últimos segredos da matéria. Questão de tempo. Nada escapa de nossa capacidade de conhecimento da realidade. Não existe mistério, mas somente enigmas que lentamente deciframos.
A vida sem surpresas sobrenaturais nos permite a felicidade tranquila e sem susto. Não haverá nenhum encontro misterioso no final com um juiz de nossas culpas. Temos condições psicossociais de saná-las todas e de criar um mundo autônomo.
Parece tão simples sermos felizes. Basta entregar-nos ao processo evolutivo, que vai selecionando o melhor para nós. Os deformados, os falhos, os fracassados não se perpetuam, e assim se produz verdadeira purificação da vida. Vivendo o famoso dito: “Experimenta e corrige o erro”. A natureza tenta muitos caminhos. Quando erra, a lei darwiniana elimina tal via. E os caminhos bem-sucedidos permanecem. Cumpre-nos segui-los. Simples, não é? Deus, para que?
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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