Ele está no alto da cruz, todo ensanguentado. Seus amigos fugiram com medo, à exceção de algumas mulheres. Mesmo sem forças, ainda pode ouvir as zombarias dos grandes de Israel e dos soldados romanos. E a verdade surge de um malfeitor, que também está com os minutos contados: “Jesus, lembra-te de mim quando tiveres entrado no teu reino”. E ele é, de fato, o rei do universo, que ali, no alto da cruz, mais parece um servo sofredor.
O nosso rei é a encarnação de Deus na pobreza do homem, mas é também o símbolo da realeza divina: tive fome e me destes de comer. Em última instância, o nosso rei é o rei dos que estão à margem e esquecidos; ou, como nos dizem os bispos latino-americanos em Aparecida, o nosso rei é um rei que tem rosto: o rosto dos migrantes, das crianças, dos idosos, dos moradores de rua, dos drogados, dos encarcerados, dos desempregados, dos abandonados.
Neste dia nacional dos leigos e leigas, temos de refletir sobre como estamos vivenciando o nosso batismo. Afinal, a vocação laical nos impele a construir o reino de Deus na estrutura da sociedade na ótica do reino de Deus. Somos, por um lado, “o mundo no coração da Igreja”, mas também, por outro, “a Igreja no coração do mundo”.
Não podemos apenas nos queixar de que os responsáveis pela política, pela economia, pelos meios comunicação, pela educação e saúde tudo fazem para distanciar nossa realidade daquele reino que a prática de Jesus anuncia. A nossa crítica deve vir junto com o nosso engajamento. Mudar as estruturas, levar o mundo ao ômega do reino, é responsabilidade dos cristãos e cristãs. Transformar as realidades terrestres e orientá-las segundo os valores do reino é nossa função, principalmente daqueles e daquelas que, no seu batismo, receberam a vocação de ser leigos e leigas nessa Igreja de Cristo.
Carlos Francisco Signorelli
Ex-presidente do CNLB
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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