28. A JUSTA MEDIDA
Quadro desafiador desenha-se diante de nós com as terríveis ameaças à vida. Que fazer? A sabedoria grega de corte estoico conheceu a medida, que usamos hoje em português para medir as coisas. Frequentemente medimos algo para testar nossas capacidades e possibilidades. A medida nos salva dos exageros de peso, de compras, de gastos, de despendimento de energia. Assim agimos na filosofia doméstica.
E por que não nos comportamos assim diante da Terra? Porque a julgamos infinita em recursos e nos posicionamos em relação a ela como senhores. A medida se relaciona com o limite dos meios disponíveis. Se não temos consciência dele nem de nós mesmo, arrasta-nos seu oposto: o exagero, a arrogância, a hybris.
Invade-nos a cultura do exagero, do excesso, do desperdício. E dela se origina a crise ecológica. A solução se encaminha na tomada da direção oposta, a da “justa medida”. Os antigos também nos ensinaram que “a virtude está no meio”. No fundo, a mesma lição. Os extremos se mostram prejudiciais.
A lição da vida nos instrui sobre a necessidade do equilíbrio no uso e consumo das coisas, em nítida oposição ao consumismo desvairado do capitalismo. A diferença se radica na concepção de fundo que preside a ambos. A sabedoria mira o bem da pessoa e da humanidade. E fala então de justa medida. Os esbanjamentos nos danificam. Isso vale para toda ação: comer, beber, dormir, divertir-se etc. por sua vez, o capitalismo visa ao lucro. Este não conhece limite. Porque, quanto maior for, mais aquece o sistema, que roda precisamente em torno dele.
Esse embate trava-se no coração do problema ecológico. O lucro sem limite, o desmando consumista, os gastos excessivos destroem a Terra, enquanto a justa medida a salva. Toca-nos escolher entre a vida e a morte!
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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