Primeira Leitura: Deuteronômio 4,1-2.6-8
Escuta, Israel, estas leis e preceitos.
Escuta, Israel, estas leis e preceitos.
Salmo responsorial: Sl14 (15),2-3ab.3cd-4ab.5 (R. 1a)
Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo?
Segunda Leitura: Tiago 1,17-18.21b-22.27
Sede cumpridores da Palavra.
Evangelho: Marcos 7, 1-8.14-15.21-23
O que sai do homem é que mancha o homem.
O Deuteronômio nos recorda que Deus deu normas ao povo para que vivesse conforme esses preceitos. E lhe recomenda não acrescentar nada a fim de não distorcer a mensagem transmitida. Essa será a sabedoria e inteligência que o guiará para um bom caminho.
O evangelho de hoje nos narra uma disputa de Jesus com seus adversários, motivada por uma atitude dos discípulos que, segundo o critério dos fariseus, merece uma explicação por parte de Jesus, já que não acatam a Lei nem a tradição.
Jesus, que vive em sintonia com a massa dos excluídos e marginalizados pela religião, pode agir com toda a autoridade e responder no mesmo sentido aos que o interrogam por seu comportamento. Com efeito, o apego à Lei e aos preceitos, acrescentados pelo legalismo dos escribas tinha gerado uma profunda brecha entre os autodenominados “justos” e os “malditos”.
O critério dos primeiros estava fundado em Deuteronômio 27,26 que declara: Maldito o que não conserva as palavras desta lei e não as cumpre! Os 613 preceitos que chegaram a ser impostos ao povo, certamente não aparecem na Escritura, mas os fariseus e escribas os exigiam como tais, pondo-os ao amparo da lei divina.
A liberdade com que Jesus age a respeito, e por extensão a liberdade e segurança com que agem seus discípulos, é um ponto que incomoda profundamente os escribas e fariseus: por que eles não cumprem com a Lei e as tradições? E aqui está a segunda referência à Escritura feita por Jesus: Esse povo vem a mim apenas com palavras e me honra só com os lábios, enquanto seu coração está longe de mim; o culto que me prestam é inútil... A doutrina que ensinam são preceitos humanos (Isaías 29,13).
Como Isaías, outros profetas tinham denunciado essa falsa relação com Deus completamente externa e distante de toda a intenção de tornar palpável e visível autênticas relações de justiça. Nem o culto nem o cumprimento da Lei têm sentido se não são fruto de sadias relações de justiça.
Em tal sentido, que mérito tinha, conforme o julgamento e o critério de Jesus, o cumprimento dos preceitos da Lei quando de nenhum lado havia esforço algum para fazer brilhar a justiça? Nenhum mérito. Pelo contrário, esses treze vícios enumerados por Jesus provêm principalmente daqueles que dizem mas não fazem (Mateus 23,3); que atam pesados fardos ao povo, mas não estão dispostos a movê-los sequer com o dedo. (Mateus 23,4); que filtram um mosquito e engolem um camelo (Mateus 23,24). Enfim, aqueles que fizeram de seu egoísmo e vaidade seu deus, e fecharam sua mente e coração ao autêntico Deus do amor, da liberdade e da misericórdia com o marginal e o excluído.
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