20. O CAMINHO DA RELIGIOSIDADE PÓS-MODERNA
O regime militar desbaratou os movimentos revolucionários dos jovens das décadas de 60 e 70. Depois fracassou e cedeu o poder aos civis de maneira pouco honrosa. A democracia que veio decepcionou. O ânimo combativo dos jovens se esfriou. O inimigo se esfumou. O socialismo desabou ruidosamente. O sandinismo corrompeu-se. Fidel adoeceu e Cuba continua solitária na opção socialista. Irrompeu imenso vazio ao lado de dolorosa decepção na vida de muitos que sonhavam com o mundo justo, fraterno, solidário.
Em seu lugar, o neoliberalismo triunfante impôs a lei rígida do mercado. Tudo se torna mercadoria. O consumismo cresce enormemente. Imperam a exterioridade, o marketing, a propaganda, a onda colorida midiática. Já não se consegue vislumbrar nenhum caminho de compromisso sério.
Abre-se o campo para a espiritualidade pós-moderna de corte pentecostal, que invade o espaço baldio do coração da geração desiludida com a militância política.
Onde buscar um sentido para a vida? Se os ideais maiores de ontem se perderam, não resta senão enveredar-se por trilhas religiosas que encham o coração de consolação. Pululam inúmeras religiões, oferecendo produtos de consumo piedoso. O caminho espiritual se povoa de ritos, festas, aleluias. A vida, que se tornara seca, encontra sentido nessas propostas.
A emoção religiosa leva a melhor no confronto com a racionalidade moderna. Esta se reduz ao mundo tecnológico, que não afeta a espiritualidade, antes lhe dispõe recursos de irradiação no campo da comunicação. A ciência, que secara a espiritualidade, transforma-se em tecnologia que a incentiva. Os recursos visuais e auditivos criam clima de alta sensibilidade espiritual.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO” DE 09/10/2011
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