17. ÉTICA ECOLÓGICA
Diante da crescente devastação da natureza, brota do profundo do coração humano o grito ético. Não! Não podemos sacrificar no altar do capital a vida da humanidade de hoje e de amanhã, o respeito a todo ser vivo, o cuidado do jardim da Terra. Ontem a ética se regia pela ordem do cosmos. O ser humano olhava a natureza e via que o sol nascia para bons e para maus, que chovia na horta do pobre e do rico, que fazia frio ou calor para o branco e para o negro. Logo a natureza nos está a ensinar a fundamental igualdade do ser humano. E dessa lição surgia um agir equitativo.
O ser humano avançou na sua reflexão. Nem sempre a natureza nos inspira leis éticas. Às vezes, comporta-se com violência “tsunâmica”, a pedir à razão humana que a dome, a controle e a use para o bem de todos. A ética desceu ao nível da consciência, da razão, da liberdade humana. Passagem enriquecedora, mas problemática. O ser humano exagerou sua autonomia. Acreditou-se divino. E daí surgiu triste epopeia de maldade. Construiu bombas atômicas que mataram e contaminaram a terra, produziu gases venenosos que assassinaram milhões nos campos de concentração e continua a engendrar tecnologia de morte.
A ética dá novo salto. Busca uma síntese entre a razão e o cosmos. E, ao fazê-lo, pergunta pelo último fundamento de ambos. E chega até o absoluto de Deus. O mesmo Deus de bondade, de beleza, de verdade criou a natureza e a razão humana. Ambos para a felicidade humana, não individual, mas como humanidade. Então a ética ecológica estabelece o princípio maior do agir humano: vive de tal modo, que tudo o que fizeres gere vida para ti, para os outros humanos, para o conjunto da criação. Assim – acrescenta a fé – louvas a Deus, teu criador.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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