21. ECOLOGIA E ESPIRITUALIDADE INACIANA
A espiritualidade inaciana, na sua caricatura, seria para racionalidade. A inspiração mística, poética, ecológica passaria longe dela. A primeira leitura do início dos Exercícios Espirituais de santo Inácio pode dar essa impressão. Dizer que todas as coisas foram criadas para o ser humano soa rude centração no homem, que tem produzido violenta devastação da natureza.
Entretanto, esquece-se que a frase continua. O ser humano não se situa diante da criação como dominador, mas como quem louva, reverencia e serve a Deus, seu Senhor. E, sobretudo no final dos Exercícios Espirituais, Inácio oferece belíssima meditação para alcançar amor. Nela ecoa o lídimo espírito de louvor da criação.
Aí santo Inácio leva o exercitante a perceber a íntima presença de Deus na criação. E dela decorre uma atitude de respeito, harmonia e sintonia. É o momento da transição da experiência dos exercícios para o cotidiano. É um programa de vida. Propicia ao exercitante fazer uma experiência unificada no amor de Deus, não só da trajetória dos exercícios, mas também da trajetória de sua vida até então e para a frente.
Com o olhar para o passado, recapitula os dons recebidos, preparando-se para o futuro no espírito de acolhida dos que virão.
A meditação apresenta gradualmente a presença de Deus na criação. O olhar para o cosmos nos faz ver o imenso amor de Deus (Sl 19,2). A criação situa-se no plano de uma sacralidade fundamental que a dimensão espiritual da ecologia trabalha. Deus habita nas criaturas, dando-lhes a todas o ser, às plantas o crescimento, aos animais a sensação, aos seres humanos o entendimento. Presença operativa e de amor, porque Deus é amor (IJo 4,8). E, sendo amor, irradia vida, graças, dom. maravilhosa espiritualidade!
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
MARCADOR: LITURGIA
***
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Olá. Seja bem vindo (a)!!! Deixe seu comentário. Será bem legal.
Obrigada. Volte sempre!!!!!