quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ENCONTRO DA PASTORAL LITÚRGICA DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA APARECIDA

ORAÇÃO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2009
“Fraternidade e Segurança Pública”

Bom é louvar-vos, Senhor, nosso Deus,
que nos abrigais à sombra de vossas asas,
defendeis e protegeis a todos nós, vossa família,
como uma mãe, que cuida e guarda seus filhos.

Nesse tempo em que nos chamais à conversão,
à esmola, ao jejum, à oração e à penitência,
pedimos perdão pela violência e pelo ódio
que geram medo e insegurança.
Senhor, que a vossa graça venha até nós
e transforme nosso coração.

Abençoai a vossa Igreja e o vosso povo,
para que a Campanha da Fraternidade
seja um forte instrumento de conversão.
Sejam criadas as condições necessárias
para que todos vivamos em segurança,
na paz e na justiça que desejais.
Amém.


Com a Campanha da Fraternidade, a Igreja do Brasil quer “suscitar o debate sobre a segurança pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos”.

A Campanha da Fraternidade deste ano “mostra a preocupação da Igreja no Brasil em criar condições para que o Evangelho seja mais bem vivido em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais violenta e insegura para as pessoas e procura contribuir para que este processo seja revertido através da força transformadora do Reino de Deus”.

“A paz buscada é a paz positiva, orientada por valores humanos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao “outro” e a mediação pacífica dos conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, a intolerância com os “diferentes”, e tendo como foco os bens materiais.

Trata-se de uma mudança de foco nos valores em evidencia na mídia e no falar cotidiano das pessoas, para os valores cristãos.

A sobriedade e o silencio meditativo próprios deste tempo Litúrgico favorecerá à comunidade cristã ao aprofundamento e a reflexão do tema da CF. Afinal, trata-se de um profundo clamor social dos nossos tempos e portanto, nossa ação na dimensão litúrgica, deve favorecer ao aprofundamento dessa proposta de forma a resultar em contribuições efetivas à sociedade, povo de Deus.

A ação ritual

No tempo da quaresma, o espaço da celebração estará sensivelmente vazio, sem flores e sem ornamento, apenas ostentando a cor roxa e discreta iluminação. As celebrações devem ser preparadas cuidadosamente. Nenhum ruído ou sinal de ansiedade por parte de cantores, músicos e demais ministros e ministras da celebração. Nenhuma improvisação de última hora. O que predomina é o silêncio, como um convite à oração. Sem quebrar esse clima contemplativo, o ministério de musica pode ensaiar alguns refrãos e, após mais um pequeno período de silêncio, a celebração começa.

Em tom solene, mas com pouco instrumento musical, dá-se início com um canto de abertura apropriado, cantado fervorosamente por toda a assembléia, enquanto ministros e ministras entram em procissão, trazendo em destaque a cruz (processional).

À medida que as celebrações avançam, cantos e orações se sucedem, conduzindo-nos ao coração do mistério que celebramos na quaresma. Essa riqueza imensa de orações, imagens, personagens, Palavra e símbolos pedem a nossa atenção, e vai propondo um caminho progressivo de mudança e crescimento que nos conduz à vigília pascal.

A atuação de ministros e ministras – conscientes e interiormente centrados no mistério – permite à assembléia participar ativamente, prestar atenção em cada palavra e gesto, apropriar-se e deixar-se impregnar dos elementos que compõem a liturgia quaresmal com seu sentido próprio.

O sentido teológico-litúrgico

Se toda celebração cristã é memorial da páscoa de Jesus Cristo, o ciclo pascal, consagra, com mais intensidade, um tempo especial para celebrar a memória da vida, morte e ressurreição de Jesus, para que as comunidades cristãs possam fazer da vida uma páscoa contínua. A quaresma, tempo que prepara as festas pascais, faz memória do Cristo, em seus 40 dias pelo deserto revivendo na própria experiência os 40 anos do povo de Deus. É tempo de preparação para a Vigília Pascal, não apenas cuidando da exterioridade da festa, mas retomando profundamente a vida batismal.

Assim, a quaresma nos é dada como ‘sinal sacramental da nossa conversão' em Cristo. É ele que nos converte e faz ‘arder o nosso coração' com a sua palavra. A conversão não é resultado do nosso esforço voluntarista, mas obra do Espírito de Deus que realiza em nós a transformação pascal, reavivando nossa adesão a Jesus Cristo. A austeridade e as diversas ausências que se verificam na liturgia da quaresma remetem-nos ao necessário vazio do coração a ser preenchido com a Palavra que julga nossos corações e nos converte. As ‘vestes de penitência', apontam para a necessidade de tomar consciência do mal que está instalado no coração humano, assim como nas relações interpessoais e sociais. Se não fosse assim, não existiria a guerra, a violência, a destruição da natureza... Por isso, o grande apelo da quaresma é mudar de vida.

Viver conforme a quaresma

Durante a liturgia quaresmal, leituras bíblicas, cânticos e orações, gestos e silêncios ressoam em nós como convite à conversão. Fazendo memória da salvação que já se realizou em Cristo pelo batismo, somos chamados/as a perceber o que nos falta para viver de acordo com essa salvação.

No plano pessoal, o primeiro passo é conhecer a nós mesmos com nossas ambigüidades e sombras, reconhecer e aceitar nossa fragilidade, acolher nela a salvação de Deus que nos torna capazes de perdoar a nós mesmos e aos outros. Somos chamados a abrir-nos ao Espírito Santo que nos faz abraçar o perdão como possibilidade de não aprisionar a si e aos outros nas conseqüências negativas das próprias escolhas. Somos chamados a superar o mal pelo exercício constante do bem: o amor concreto não será uma conseqüência, mas um caminho de conversão; à medida que ousamos amar, mesmo conhecendo toda a nossa fragilidade, opondo a violência com a tolerância e o perdão, estamos em movimento de nascer de novo para uma vida nova.

Agindo dessa maneira, estamos começando em nós o que desejamos para o mundo, a sociedade, a terra. Não é um caminho fácil; as imagens que aparecem na liturgia quaresmal falam de renascer, o que implica morrer, à maneira do grão de trigo que para dar fruto terá que morrer no chão. Por isso a cruz é o segredo do amor que se torna capaz de dar a vida. O ‘sacrifício' por si mesmo não pode gerar transformação, sem amor até pode soar como provocação; o amor sim, a qualquer preço, é um testemunho capaz de gerar vida.

Assim, encontramos na atividade litúrgica quaresmal o terreno fértil para o plantio das sementes da Boa Nova de Jesus, que pode transformar a sociedade e implantar a civilização do Amor, a única alternativa possível ao estado de opressão que a atual violência social nos impõe.

Essa é a missão que nos é proposta. Esse é o desafio que empreenderemos no tempo que se aproxima.

Que Deus nos ajude a contribuir de forma eficiente com os propósitos da CF2009 e com o resgate do Reino de Deus.

José Alberto Fernandes Pereira
Paróquia N. S. Aparecida

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