sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Como fazer uma catequese bela, lúdica e mística?



A onda do belo, lúdico e místico também ganhou importância na catequese. São achados oportunos que não podem virar simples modismos. A beleza encanta, conforta, atrai. O lúdico distrai, alegra, diverte, descontrai, ajuda até a fixar a mensagem. O místico nos coloca diante do mistério, nos ajuda no encontro com Deus, nos proporciona experiências que marcam para sempre.
A catequese deve expressar a beleza da fé. O evangelho é belo. Os valores cristãos são belos. Seguir Jesus é maravilhoso. Carregar com ele a cruz é encantador, apesar da dor que ela comporta. Mas quem disse que o belo não pode ser sofrido? Precisamos comunicar a fé como algo belo, porque ela é bela. Se não for assim, não haverá empatia. Essa é a catequese bela – a que mostra a fé católica como algo bonito de se professar e viver. Aqui surge um desafio imenso, porque a fé pode ser apresentada como algo terrível, que exige de nós tanto sacrifício – sem que se veja o outro lado da moeda. Deus pode ser apresentado como um sujeito enjoado e exigente. E Jesus pode ser visto como um chato, moralista e radical. A Igreja pode ser apresentada, pelos catequistas ou pela mídia, como um grupo de pessoas sujas e corporativistas; ou como um bando de radicais que são contra tudo, até contra a ciência, mas no fundo encobrem os próprios defeitos. E os católicos podem ser vistos como pessoas mal formadas, que pouco ou nada entendem da Bíblia, que se apegam a tradições sem sentido e que vivem dizendo amém para o que diz o papa, sem saberem direito por que creem. Esse não é definitivamente um modo belo de ver as coisas. Mas é um modo de se ver muito presente. Então, precisamos mostrar a beleza de ser católico, sem esconder, é claro, os imensos desafios e fraquezas presentes em todo grupo humano.
Para isso, não será suficiente enfeitar de flores o local do encontro catequético, ainda que as flores sejam belas e devam mesmo ser usadas para enfeitar. Nem bastará uma toalha bonita sobre a mesa, um convite feito no papel mais caro. Não bastará o padre usar uma casula de tecido importado, em altar de mármore carrara, com incenso importado do Líbano e cálices dourados. Isso pode ser luxuoso, sem ser belo. Corre-se do feio e cai-se no esnobe, mais feio que a própria feiúra. Vejam: o cuidado com a beleza do ambiente é necessário. Mas não significa que a catequese será realmente bela. A beleza da catequese deve estar em primeiro lugar no anúncio que é feito e no método de anunciar. Mas também, é claro, nos elementos de didática da catequese: no ambiente, na música, nas orações, nas celebrações, na liturgia, no ambiente e até no catequista!
A catequese deve ser lúdica, apresentando o seguimento de Cristo como algo divertido, no sentido de que alegra o nosso coração e faz bem para a nossa vida. A liturgia da nossa Igreja às vezes é tão séria, tão sisuda, tão fúnebre. Parece triste ser cristão. Precisamos transmitir a experiência de Deus como algo interessante e cativante. Nesse sentido, não basta apenas trazer de volta para o encontro catequético as brincadeiras e cantigas de roda. Isso pode ser feito, sim. Mas precisamos encontrar um modo de transmitir a leveza da fé, que quase sempre se apresenta como algo pesado e imposto. Deus é graça! Não podemos fazer de sua mensagem um fardo insuportável. Jesus é manso e humilde de coração. Segui-lo é prazeroso, é bom, é simples. É divertido, mesmo com a dor que isso comporta. Afinal, não é porque seguimos Jesus que estamos poupados do sofrimento e das tragédias da vida! Mas elas também não são multiplicadas porque aceitamos Jesus. Elas simplesmente estão aí e nós as enfrentamos, suportamos, superamos. Seguir Jesus é, sim, muito exigente, mas é maravilhoso, é confortador, é prazeroso. A fé dá significado a cada momento da vida. Então, quem disse que para ser divertido não pode ser sério? Quem disse que para ser cômico não pode ser trágico? Quem disse que para ser agradável não pode ser denso? Essa é a catequese lúdica: leve no seu método, densa na sua proposta.
E a catequese mística é a mesma coisa que mistagógica, como já comentamos acima. Apenas citamos aqui a mística, porque ela faz conjunto com o belo e o lúdico. A mística nos coloca diante de Deus, fazendo da catequese não uma aula chata para decorar preceitos e normas, mas um momento bom de encontro com Deus. Mas isso também, apesar de óbvio, nem sempre é fácil. Há paróquias que ainda cobram do catequizando, para fazer a primeira comunhão, que saiba de cor os dez mandamentos, os sete sacramentos. Como é que o catequista pode fazer uma catequese menos voltada para a decoreba se depois o padre quiser “tomar a matéria” dos catequizandos? Em muitos escrutínios do chamado catecumenato crismal de algumas paróquias, os jovens passam por provas escritas e orais para que o catequista-professor possa aferir o aprendizado. Desse jeito, a mística não está sendo valorizada.
Não somos contra a memorização. Absolutamente. Temos um cérebro que guarda muitas coisas. E isso é ótimo! Mas nosso cérebro é seletivo. Espontaneamente, guardará algumas coisas e esquecerá outras. Se quisermos que a mensagem cristã fique guardada no coração e na mente dos catequizandos, o caminho não será a decoreba forçada, mas outra forma de apresentação que venha aguçar os sentidos e despertar o entusiasmo dos fiéis.
É justamente nesse sentido que se fala do belo, do lúdico e do místico na catequese e em todas as atividades da Igreja.

 Textos da professora Solange Maria do Carmo em parceria com o Pe Orione Silva e que serão publicados em formato de um livro, pela editora Paulus, com o título Catequese permanente: fundamentos e organização.

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