13. O CAMINHO DO HUMANISMO SECULAR
As expressões religiosas perdem força. Os ritos aprendidos em casa e na catequese se esvaziam. Os ensinamentos, práticas e costumes religiosos já não regem a vida. Outros valores entram em cena. Substituem-se as tradições pela decisão, pela escolha do que interessa ao sujeito. Não significa necessariamente o abandono do caminho do bem, da verdade. A ética ocupa o lugar da religião.
Os conhecimentos científicos ocupam o lugar cultural outrora cumprido pelas doutrinas religiosas. As autoridades sagradas cedem espaço aos cientistas. Estes pautam a vida das pessoas. Se antes o demônio e os anjos explicavam atitudes afetivas, recorre-se então à psicologia com as diferentes teorias. Não se invoca nenhum fator espiritual, sobrenatural, para explicar as decisões, os movimentos interiores. Tudo cai sob o olhar da ciência.
Para a vida prática, o compromisso social substitui os apelos da graça. Esta não passa de ilusão. Mede-se o ser humano pelo próprio valor, conquista, autoconstrução. Se erra, ele mesmo se refaz. Basta-lhe reconciliar-se com a consciência, última instância de juízo para condenar e perdoar. Já não se precisa de Deus para ser honesto, justo, leal consigo e com os outros.
O critério último do agir encontra-se na construção humana de sociedade de justiça, para que todos vivam dignamente. Comprometer-se com tal tarefa dá sentido à vida das pessoas. Não precisam de nada mais. Quando lhes abate um sentimento de medo da morte, apostam na história. Elas continuarão, já não nas suas pessoas físicas e singulares, mas em tudo que deixaram para os pósteros com suas vidas. Guiam-se pelo dito de Terêncio: “Nada de humano me é alheio”. E acrescentam, basta o humano.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO "O DOMINGO"
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