18. ECOLOGIA INTEGRAL
A ecologia corre o perigo de cair na esparrela da razão esmiuçadora. A aula de anatomia simboliza muito bem tal operação. Diante do aluno de medicina está o cadáver, e ele o disseca nervo por nervo, músculo por músculo. No final, vê uma montanha de pequenos troços, mas o cadáver já desapareceu. De tanto analisar aspectos da ecologia, ameaça-nos o perigo de perder-lhe o verdadeiro sentido, a sua causa maior.
Importa fazer uma ideia integral da ecologia, verdadeira cosmovisão. O astronauta americano que contemplou a Terra de longe, fora dela, viu-a como planeta azul. Excelente imagem da ecologia integral.
Primeiro, ele distanciou-se da Terra, saiu dela. Pode vê-la como algo fora de si. Nunca o conseguimos fazer. Sempre a pensamos estando dentro dela. E, ao observá-la na sua beleza azul e resplendente, foi tomado de êxtase. Em segundo lugar, relativizou tudo o que existe dentro dela de diferenças, de vaidades, de arrogâncias, de poderes. Os seres humanos e a Terra se fundiram numa única realidade. “O ser humano é a própria Terra enquanto sente, pensa, ama, chora e venera”.
Deslocamos o eixo de o nosso existir. Giramos demasiadamente em torno de nós mesmos, humanos. E o resto é o silêncio. Com a visão ecológica integral, situamo-nos com nossa pequenez nesse gigantesco oceano cósmico de bilhões de galáxias. Não estamos aqui principalmente para dominar o mundo, mas para contemplá-lo num longo sábado judaico e domingo cristão.
A sociedade moderna está a nos destruir a consciência da importância do sábado. A ecologia integral a reintegra. Não simplesmente no sentido religioso de cumprimento de uma obrigação, mas no prolongamento do ato criativo de Deus, que “abençoou o sétimo dia e o santificou” e “repousou de toda a obra da criação” (Gn 2,3).
J. B. Libanio, sj
FONTE: TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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