6. CRISE DO PARADIGMA
A palavra crise ressoa por todas as partes. Revela a iminência de uma transformação mais ou menos profunda, que implica mudança de orientação do setor afetado por ela. Traz consigo efeitos negativos e positivos. Ao quebrar a tradição conhecida e a rotina seguida, gera desorientação, angústia, insegurança. Por outro lado, provoca e incentiva a imaginação e a criatividade, ao propiciar novas visões.
As crises normalmente citadas se referem ao alimento, à energia, ao emprego, aos valores e a outras realidades. A novidade da atual crise consiste em que não se restringe a nenhum desses setores, mas atinge o conjunto da civilização ocidental. O paradigma que comanda o Ocidente há séculos entra em colapso. Resume-se numa frase: o progresso humano não pode parar. Pretende não ter limite. Ambiciona um crescimento indefinido. Eis o paradigma do Ocidente. Comanda o noticiário dos jornais. Qualquer diminuição na produção, queda no comércio, restrição no investimento ou entrada menor de dólares são noticiadas como algo negativo sem mais. Só vale o aumento numérico dos índices de desenvolvimento.
De repente, escurece o horizonte com uma série de índices negativos. Entra em colapso a prepotência ocidental. Vários fatores interferem nessa crise. Lentamente tomamos consciência de que a Terra possui recursos finitos, esgotáveis. Já na década de 1970, um grupo de pesquisa europeu defendia crescimento zero para os países ricos, enquanto os que estavam em desenvolvimento poderiam crescer a fim de aproximar-se deles. Mas aconteceu o contrário. Trágicas conseqüências. O paradigma ocidental devorador de bens mitiga apenas a sede insaciável de consumo dos ricos. E nesse ritmo caminhamos para o esgotamento total dos bens da humanidade.
J.B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
MARCADOR: ECOLOGIA E MISSÃO
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