Enquanto houver um forasteiro em pé na praia, pedindo algo para comer, a humanidade não pode se acomodar. A eucaristia clama por nova ordem econômica e pela globalização da solidariedade, a fim de que a humanidade se conscientize de que o objetivo primeiro de toda a produção não é o acúmulo dos bens – sua concentração -, mas da distribuição, e todos usufruam dos frutos do esforço e do progresso humanos. A falta de alimento, ao qual toda pessoa tem direito, vai contra a proposta de vida do Ressuscitado.
Função da Igreja e dos cristãos é ser consciência crítica da sociedade, consciência que testemunha e denuncia. E não apenas isso. Num documento, o papa João XXIII dizia: “Não basta (à Igreja e aos cristãos) ser iluminados pela fé e inflamados pelo desejo do bem para impregnar de princípios sadios uma civilização... é necessário inserir-se em suas instituições” (PT 148).
O próprio Jesus nos convida: “Venham comer”. Ele nos oferece o alimento perene, que perdura para a eternidade. Ele nos prepara um banquete com peixe – fruto do trabalho – e pão – doação generosa do próprio Jesus. A comunidade toda é convidada ao banquete para se fortalecer no caminho da eternidade.
Antes disso, porém, a comunidade tem uma missão a cumprir. Enquanto houver algum fiel que ainda não descobriu a luz do Ressuscitado, a comunidade não pode cochilar, tanto menos dormir com a consciência tranqüila. Eis aí a vocação missionária da Igreja. E ela terá sucesso quando confiar na palavra do Senhor; quando se alimentar do banquete por ele oferecido; quando for obediente ao pedido de Jesus de lançar as redes, dado que a tarefa ainda não está concluída; quando, enfim, testemunhar o amor verdadeiro a Jesus. Sem amor e sem empenho não haverá sucesso em nada. Como se vê, ainda há necessidade de lançar as redes, e com urgência.
Pe. Nilo Luza, SSP
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
MARCADOR: LITURGIA
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