Profª Solange Maria do Carmo
Qualquer
pessoa minimamente observadora já reparou a importância da música para a nossa
cultura. Por todo lado se ouvem canções. No rádio, na TV, no MP3, no celular,
no aparelho de CD. No trabalho, em casa, no carro, nas instalações comerciais...
Tornou-se difícil encontrar um lugar silencioso, onde não haja uma musiquinha
tocando. Somos um povo musical. E não é à toa. A música toca a alma, distrai a
cabeça, anima o corpo, unifica as pessoas, alegra o ânimo, registra os momentos...
Nossa memória vive povoada de canções mais ou menos marcantes que, num dado
momento, ressurgem com força total despertando em nós emoções adormecidas. A
música tem magia: encanta, acalma, enleva a alma.
Mas o que tem
a catequese a ver com a música? Qual a importância da música na catequese? Tem
pais e catequizandos que estranham a presença constante da música nos encontros
catequéticos. Alguns até reclamam: “Meu filho não está estudando nada na
catequese. Lá eles ficam só cantando!”. Ou se perguntam: “Para que tanta cantarola?”.
Bem não é verdade que nos encontros catequéticos a presença da música sufoca
outros elementos como a partilha, a oração, a escuta da palavra de Deus, a
brincadeira e até o estudo. Tem momento pra cada coisa. Mas se a música tem mesmo
o poder de criar disposições interiores, de arrebatar o coração, de provocar na
gente emoções especiais, então nada mais apropriado para favorecer a
experiência cristã de Deus que uma boa canção. Como sabiamente diz o povo: “quem
canta reza duas vezes”.
A força
maravilhosa da música não pode ser desprezada no mundo da religião e da fé. De
há muito a Igreja sabe o valor da música. No passado, nossas celebrações foram
marcadas pela presença do canto gregoriano, do latim em quatro vozes, do som
melodioso do órgão de tubo. Os monges e as monjas que o digam! E nos
seminários, as aulas de músicas eram obrigatórias. Era difícil encontrar um
ministro ordenado sem noções musicais mínimas e sem apurado gosto musical. Com
o passar do tempo, porém, houve mudanças: o latim cedeu lugar à língua
vernácula, o órgão deu lugar ao violão e até à guitarra e à bateria, a
comunidade reunida que assistia a apresentação do coral transformou-se numa
grande assembleia que celebra e louva seu Senhor. Não importa! Se não temos
mais hoje, a não ser em raros casos, órgão de tubo e canto gregoriano nas
igrejas, não quer dizer que devemos desprezar a música em nossos encontros
litúrgicos e catequéticos. A música continua sendo um elemento importantíssimo
para tocar o coração do povo, para motivá-lo à oração, para ajudar nossa gente
na contemplação dos mistérios de Deus. E a catequese não pode ficar fora disso.
Eis, portanto,
o motivo pelo qual a catequese atual valoriza tanto a música. Cada música deve
ser criteriosamente escolhida para favorecer o encontro com Deus e com os
irmãos, para promover a retenção dos temas debatidos, para fixar os conteúdos
estudados, para alegrar a alma e ajudar a rezar. Afinal, não é qualquer música
que serve para qualquer fim. O importante não é só cantar, mas cantar algo belo
e apropriado para aquele momento. Num casamento, por exemplo, não parece
oportuno um samba de enredo na entrada da noiva, mas algo singelo e romântico
como pede a ocasião. Assim também, para cada momento, para cada tema
catequético, fica bem uma determinada música. Não basta cantar canções
populares, músicas religiosas de cantores mais conhecidos ou até canções propriamente
cristãs gravadas por padres cantores que se encontram na mídia. É preciso
cantar algo que ajude a despertar na turma o sentimento e a emoção que o
encontro catequético quer oferecer. É preciso cantar algo cujo conteúdo
confirme a reflexão do encontro e que tenha uma teologia confiável. Que
adiantaria, por exemplo, gastar encontros e mais encontros para falar do amor
de Deus, se depois insistimos em cantar músicas que difundem a teologia do
medo? Que vantagem teríamos em ajudar nossa gente a lidar bem com as Escrituras
Sagradas, fugindo da leitura fundamentalista, se depois cantamos canções que levam
textos bíblicos ao pé da letra? Como promover uma saudável relação de nossas
crianças e jovens com Deus se depois só cantamos canções devocionais ou músicas
de anjos que voam pra lá e pra cá? Não basta que uma música tenha bela melodia –
apesar de isso ser imprescindível – nem
que ela fale de Deus,
dos santos e dos anjos. É preciso muito mais: letra e música devem se
harmonizar com os encontros, tocando o coração e encorajando nossa gente a se
entregar a Deus. E também os encontros de adolescentes, jovens e adultos devem
contar com o recurso da música para viabilizar a catequese. Quem disse que
jovens e adultos não gostam de cantar? É só ir a um show musical que logo
percebemos: a música é universal. Idosos, adultos, jovens, crianças... todos
são tocados pelo poder da música.
Mais artigos da profa. Solange no:
www.fiquefirme.com.br.
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