quarta-feira, 13 de maio de 2015

A CRISMA NA HISTÓRIA DA IGREJA


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Como os primeiros cristãos eram crismados?
A palavra Crisma vem do grego “chrisma”, que significa óleo. Em português, o Crisma significa o óleo sagrado, ao passo que a Crisma significa o sacramento da Confirmação.
No início a Igreja ministrava a Crisma logo em seguida do Batismo. Temos o testemunho de Tertuliano (†202), que diz que após o batismo: “as mãos são impostas sobre nós, pedindo e convidando o Espírito Santo para uma bênção” (Sobre o Batismo c.8).
Mais claro ainda é Hipólito de Roma (†235), que descreve minuciosamente o rito que se seguia ao Batismo:
“O Bispo, impondo sobre eles (os neófitos) a mão, faça a invocação dizendo: Senhor Deus, que os tornaste dignos de merecer a remissão dos pecados pelo banho da regeneração, torna-os dignos de ser cumulados pelo Espírito Santo; lança sobre eles a tua graça para que te sirvam com a tua vontade, pois a Ti a glória – ao Pai, ao Filho com o Espírito Santo na Santa Igreja, pelos séculos dos séculos. Amém! Depois, derramando óleo santificado na mão e pondo-a sobre a sua cabeça diga: Eu te unjo com o óleo santo no Senhor Pai Onipotente e em Jesus Cristo e no Espírito Santo! Marcando-o na fronte com o sinal da Cruz, ofereça-lhe o ósculo e diga: O Senhor esteja contigo! Responda o que foi marcado: E com o teu espírito! Assim proceda com cada um. A seguir rezem juntos com todo o povo… Após a oração ofereçam o ósculo da paz” (Tradição Apostólica, n. 52-54).

A Confirmação no Plano da Salvação

No Antigo Testamento os profetas anunciaram que o Espírito do Senhor repousaria sobre o Messias esperado para realizar a sua missão salvífica. A descida do Espírito Santo sobre Jesus no seu Batismo por João Batista foi o sinal de que era Ele quem devia vir, que Ele era o Messias, o Filho de Deus. Concebido do Espírito Santo, toda a sua vida e toda a sua missão se realizam em uma comunhão total com o mesmo Espírito, que o Pai lhe dá “sem medida” (Jo 3,34).
E essa plenitude do Espírito não era apenas para o Messias; mas também para todo o povo de Deus. Várias vezes Cristo prometeu esta efusão do Espírito, promessa que realizou primeiramente no dia da Páscoa (Jo 20,22) e, depois, no dia de Pentecostes. Repletos do Espírito Santo, os Apóstolos começam então a proclamar “as maravilhas de Deus” (At 2,11), e Pedro começa a declarar que esta efusão do Espírito Santo é o “sinal dos tempos messiânicos”. Os que então creram na pregação apostólica e que se fizeram batizar também receberam o dom do Espírito Santo.
O sacramento da Crisma quer reavivar em cada fiel, agora jovem, esta plenitude do Espírito Santo para que ele seja testemunha de Cristo no mundo.
Desde o dia de Pentecostes os Apóstolos, para cumprir a vontade de Cristo, comunicaram aos batizados, pela imposição das mãos, o dom do Espírito que leva a graça do Batismo à sua consumação.
Para melhor significar o dom do Espírito Santo, A Igreja acrescentou à imposição das mãos uma unção com óleo perfumado (crisma). O “cristão” é aquele que é “ungido” e que deriva a sua origem do próprio nome de Cristo, ele que “Deus ungiu com o Espírito Santo” (At 10,38). Este rito de unção existe até os nossos dias, tanto no Oriente como no Ocidente.
Nos primeiros séculos, a Confirmação era em geral uma só celebração com o Batismo, formando com este, segundo a expressão de S. Cipriano, um “sacramento duplo”. Com o aumento dos batizados de crianças ao longo do ano todo, e a multiplicação das paróquias (rurais), e dioceses, não é possível mais a presença do Bispo em todas as celebrações batismais. No ocidente, como se reserva ao Bispo a complementação do Batismo, houve a separação dos dois sacramentos em dois momentos distintos. O Oriente manteve juntos os dois sacramentos, tanto que a Confirmação é ministrada pelo presbítero que batiza. Mas o presbítero só pode ministrar a Crisma com o óleo (“mýron”) consagrado por um Bispo.
A Confirmação aperfeiçoa a graça batismal; é o sacramento que dá o Espírito Santo para enraizar-nos mais profundamente na filiação divina, incorporar-nos mais firmemente a Cristo, tornar mais sólida a nossa vinculação com a Igreja, associar-nos mais à sua missão e ajudar-nos a dar testemunho da fé cristã pela palavra, acompanhada das obras. Pela Crisma o Espírito Santo dá coragem e sabedoria ao cristão para viver esta missão.
A Confirmação, como o Batismo, imprime na alma do cristão um sinal espiritual ou indelével; por isso só se pode receber este sacramento uma vez na vida.
Um candidato à Confirmação que tiver atingido a idade da razão deve professar a fé, estar em estado de graça, ter a intenção de receber o Sacramento e estar preparado para assumir sua função de discípulo e de testemunha de Cristo, na comunidade eclesial e nas ocupações temporais. Essas são as exigências da Igreja para que um jovem seja crismado com o devido preparo, para que possa receber os frutos e os efeitos desse Sacramento. Não pode ser uma coisa mecânica e feita sem preparação.

Sobre Prof. Felipe Aquino

O Prof. Felipe Aquino é doutor em Engenharia Mecânica pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL (atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova. Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI, em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova. 

FONTE: http://cleofas.com.br/a-crisma-na-historia-da-igreja/

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