segunda-feira, 21 de julho de 2014

HOMILIA DE DOM BENI, BISPO EMÉRITO DE LORENA NO 3º DIA DO TRÍDUO DE SÃO CRISTÓVÃO

Irmãos e irmãs, a palavra de Deus que acabamos de ouvir traz dois temas muito importantes para nossa vida. O primeiro tema está na primeira leitura dessa missa, é a gravidade do pecado e o segundo tema é Cristo como Messias, como salvador. Então iniciemos nossa reflexão, pela primeira leitura, tirada do profeta Miquéias que viveu 6 séculos antes de Cristo. Esse profeta nos mostra de um modo muito claro a gravidade do pecado. Segundo Miquéias o pecado não tem sua origem fora de nós. O pecado tem a sua origem no nosso interior. Primeiramente a pessoa concebe o pecado no seu pensamento, depois ela planeja como que vai executar o pecado e o mal, e depois, por fim, acaba realizando o pecado. Então todo pecado sai de dentro de nós, do nosso pensamento, do nosso coração, da nossa vontade e o pecado é grave porque ele é uma espécie de ateísmo prático. Ateu é aquele que nega a existência de Deus e de fato no momento em que a pessoa peca, ela se esquece de Deus, faz de conta que Deus não existe. Ela leva a vida por conta própria. Em vez de obedecer os mandamentos de Deus, obedece a si mesma, obedece muitas vezes, as suas paixões e assim acaba pecando. Todo pecado é um esquecimento de Deus, é fazer de conta que Deus não existe. E qual é a atitude de Deus diante do pecado? O profeta mostra que a atitude de Deus diante do pecado é a paciência. A pessoa comete pecado, as vezes a vida inteira e Deus tem paciência para dar à pessoa a ocasião de se converter, de mudar de vida. Se Deus não tivesse paciência com os pecadores, quanta gente seria condenada? Mas Deus tem muita paciência e espera que o pecador se converta. A conversão é uma coisa maravilhosa. Jesus no quarto evangelho comparou a conversão com um novo nascimento. Certa noite, diz o evangelho, um velho chamado Nicodemos veio conversar com Jesus e logo que Jesus o viu se aproximar disse a ele: É necessário nascer de novo. O velho ficou assustado e perguntou à Jesus: Como que é possível nascer de novo? Como que é possível entrar novamente no ventre de minha mãe e tornar a nascer? 

Jesus não falava do nascimento biológico mas falava do nascimento espiritual que se dá através da conversão.

Quantas vezes que a pessoa se converte, deixa de ser escravo do pecado e começa a seguir Jesus Cristo, a pessoa se torna uma nova criatura. Espiritualmente ela nasce de novo. Biologicamente nós só podemos nascer uma vez, mas espiritualmente nós podemos nascer muitas vezes durante a vida. Todas as vezes que nos convertemos, nós nascemos de novo e nesse sentido, até na hora da nossa morte, nós podemos nascer de novo, podemos nos converter.
Foi o que aconteceu com o bom ladrão de que fala o evangelho. Na hora da sua morte ele se arrependeu, converteu-se, fez uma oração muito bonita dirigida à Jesus: “Jesus lembra-te de mim quando estiveres no Teu Reino. E Jesus lhe afirmou: Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso”. Então veja que a conversão é uma coisa maravilhosa.
Deus tem tanta paciência conosco que nós podemos nos converter até na hora da morte.
E o evangelho tem uma afirmação muito importante. Afirma que multidões, seguiu a Jesus e Jesus curava todos os enfermos.
As profecias do antigo testamento apresentavam sinais para que as pessoas conhecessem a presença do Messias no mundo. O Messias haveria de realizar prodígios, milagres. Então quando aquela multidão viu Jesus realizando prodígios e milagres logo chegou à conclusão: este é o Messias, o enviado por Deus.
Mas interessante que Jesus imediatamente proíbe que contem aos outros que Ele era o Messias.
Por que que Jesus faz essa proibição? Porque não basta professar que Jesus é o Messias, precisa saber que espécie de Messias ele era.
E no tempo de Jesus o povo tinha uma ideia errada do Messias. Eles esperavam um Messias político, descendente o rei Davi, que realizasse prodígios, até mesmo uma revolução para libertar o povo de Israel que estava dominado pelos Romanos.
O povo pensava: assim como Deus, no antigo testamento realizou prodígios para libertar Israel da escravidão do Egito, o Messias quando vier vai realizar prodígios para libertar politicamente o povo da dominação Romana.
Jesus mostrou que Ele não era um Messias político. Justamente na hora da sua paixão, do sofrimento, ele mostrou que era o Messias servo de Deus, anunciado pelo profeta Isaias de que fala o evangelho que nós ouvimos.
O profeta Isaias no seu livro, se refere ao personagem misterioso que ele chama, servo de Deus. O servo se coloca no meio do povo, assume o sofrimento do povo, assume as consequências dos seus pecados e morre para salvar o povo.
Foi na cruz que Jesus revelou que espécie de Messias Ele era. Não um Messias político, mas um Messias servo de Javé, o Messias salvador do mundo.
Irmãos e irmãs, o ser humano não é salvador de si mesmo. Deus, através de Jesus Cristo, concede a salvação a todas as pessoas, de modo que quando a pessoa se converte, deixa de ser escravo do pecado e começa a seguir Jesus Cristo. Obedecendo ao evangelho, está acolhendo o dom da salvação. Mas quando a pessoa não quer se converter, ela está renunciando ao dom da salvação que Deus nos oferece em seu filho Jesus. E a salvação consiste na vida eterna. A vida eterna é participação da vida de Deus. A vida eterna é uma vida nova não mais limitada pelo sofrimento e pela morte. A vida eterna é uma vida tão feliz que podemos dizer que bilhões de anos de vida eterna parece apenas um instante, tanta é a felicidade. Mas a vida eterna deve orientar a nossa vida nesse mundo. Na realidade nós podemos dizer, existem dois modos de viver: Existem aqueles que vivem sem acreditar na vida eterna e existem aqueles que acreditando na vida eterna. Para quem vive sem acreditar na vida eterna, em que consiste a vida? Consiste em comer, beber, gozar, quando é possível e depois tudo se acaba com a morte. Os antigos romanos que não acreditavam na vida eterna diziam: Vamos comer e beber porque amanhã morreremos e tudo se acaba.
Agora, para quem crê na vida eterna, a nossa condição final, não é o sofrimento, não é a morte, a nossa condição final é participar da própria vida de Deus que é a vida eterna.
O evangelho chama a vida eterna de o maior tesouro que Deus nos concede e afirma que nós devemos sacrificar tudo que for necessário para conseguir esse grande tesouro. Tudo aquilo que nos ajuda a caminhar em direção à vida eterna nós devemos realizar e tudo aquilo nos afasta da vida eterna, devemos recusar.
Quem quer a vida eterna vive de um modo novo, diferente das pessoas que não acreditam na vida eterna e os santos foram pessoas que acreditavam. Como São Cristóvão.
Os santos viveram de um modo novo, seguindo Jesus Cristo, praticaram o bem e assim, conseguiram caminhar em direção à vida eterna.

Vamos aprender com os santos, como São Cristóvão, padroeiro, a cada dia caminhar em direção da vida eterna praticando o bem. E a vida eterna então é aquele grande prêmio que Deus dá para todas as pessoas que fazem o bem e lutam contra o pecado. Amém.

Por Ana Maria
Pascom PNSA

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