ECOLOGIA E MISSÃO

33. ESCOLHA ENTRE A VIDA OU O CAOS SEM RETORNO

(FINAL)

No último discurso, já próximo da morte, Moisés  coloca o povo de Israel em face de dramática escolha: “Vê que eu hoje te proponho a vida e a felicidade, a morte e a desgraça. Hoje, tomo como testemunhas contra vós o céu e a terra: foi a vida e a morte que pus diante de ti, a bênção e a maldição” (Dt 30, 15.18). No final desta longa série de reflexões sobre a ecologia e nossa missão (que também será tema da próxima Campanha da Fraternidade), encontramo-nos em face de decisão semelhante. Que nos soe esta interpelação: escolhe entre a vida ou o caos.

A vida implica organização, movimento que brota de dentro. Ela recua ao momento criativo de Deus. Lá no big bang, aconteceu a formação inicial dos primeiros núcleos atômicos  elementares (hidrogênio, hélio) cem segundos após o impulso inicial. E de lá se caminhou por 13,7 bilhões de anos até chegar a nós em gigantesco processo evolutivo. A vida já se inscrevera nos inícios. O teólogo, inspirado por são Paulo, vê mais. Delineia naquela explosão primordial a criação em Cristo Jesus, de modo que a matéria carrega o que será o corpo do Filho de Deus e que entrará para a eternidade de Deus pela ressurreição. Eis a aposta pela vida! Cuidar do mundo que um dia se transformará pela força do Espírito.

A escolha do caos, embora não explicitada dessa maneira, predomina. Interessa ao sistema não o caos, mas o lucro a curto prazo. E por causa dele vem o caos. Vivemos numa cultura imediatista, “presentista”, que não se interessa em pensar no futuro. O lucro é presente, o caos é futuro. O presente vence o futuro na atual cultura. Por isso o risco do caos cresce. Só a clara opção pela vida o vence. Pois a vida se situa no horizonte maior da esperança e do futuro. É mais difícil de ver que a ganância presente e o consequente caos.

J. B. LIBANIO, SJ

TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”

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