O primeiro ensinamento de Jesus é:
Deus quer que todos os seres humanos cheguem à salvação. O segundo ensinamento
se refere a atitude nossa diante do dinheiro. O dinheiro também pode ser um
obstáculo para a pessoa chegar à salvação. Na segunda leitura dessa missa,
ouvimos um trecho da primeira carta de São Paulo ao seu discípulo, amigo e
companheiro de missão, Timóteo. Nesse trecho que nós ouvimos, São Paulo faz uma
afirmação que enche de consolação e esperança os nossos corações. A afirmação é
essa: “Deus quer que todos os seres humanos cheguem a salvação e ao
conhecimento da verdade.” Portanto Deus nos criou não para a perdição, Deus nos
criou para a salvação. Diz São Paulo: “Deus quer!” isto é: é a sua vontade, é o
seu projeto que todos os seres humanos cheguem a salvação. Portanto aquele que
se salva está fazendo a vontade de Deus. Está realizando o projeto salvifico de
Deus. Mas aquele que se condena, está contra a vontade de Deus, está contra o
seu projeto salvifico. A afirmação de São Paulo contém ainda uma outra verdade:
Deus quer que todos os seres humanos, cheguem ao conhecimento da verdade. Qual é
essa verdade? É Jesus Cristo. Ele é o revelador do Pai. Ele revelou a verdade
completa sobre Deus. Cristo revelou a sabedoria de Deus e Deus quer que todos
os seres humanos conheçam Jesus Cristo porque ele é o mediador da salvação,
como afirma São Paulo. E no dia de pentecostes, São Pedro afirmou bem alto: “Em
nenhum outro nome no mundo existe salvação a não ser no nome de Jesus Cristo.” Portanto
prezados irmãos, todos aqueles que se salvam, quer saibam, quer não, quer
tenham consciência desse fato, quer não tenham consciência, salvam-se mediante
Jesus Cristo. Aquele que ouve o anuncio do Evangelho e se converte, está
colhendo o dom da salvação que Deus nos oferece em seu filho Jesus Cristo, mas
aqueles que ouvem o anuncio do evangelho e não querem se converter, querem
continuar escravos do mal, do pecado com a própria vida, estão renunciando ao
dom da salvação que Deus nos oferece em seu filho Jesus Cristo.
O evangelho contém outro
ensinamento muito importante e prático para nossa vida. Cristo diz no final do
evangelho aos seus discípulos: “Vós não podeis servir ao mesmo tempo, a Deus e
ao dinheiro.” Servir a Deus, irmãos e irmãs significa fazer de Deus o
fundamento da nossa vida. Deus é o fundamento de tudo. É o fundamento do
universo. O Papa Bento XVI afirmou, referindo-se ao esforço da ciência para
explicar a origem do universo. “Sem Deus as contas não se fecham.” Sem Deus nós
não podemos explicar a origem do mundo. Ele que é o Criador. Deus é o
fundamento da moral da reta conduta humana. Quando a pessoa se esquece de Deus,
faz de conta que Deus não existe, a porta fica aberta para os maiores males. É o
que nós vemos hoje. Amplos males no mundo, porque as pessoas se esquecem de
Deus. Fazem de conta que Deus não existe, levam a vida por conta própria. Deus é
o fundamento da nossa vida. Uma vida sem Deus, é uma vida sem fundamento. Hoje nós
estamos vendo os males da violência aumentando na família. Está se tornando
comum, filhos matarem os próprios pais. Isso é sinal de vida sem Deus. Vida sem
fundamento. Vós não podeis servir ao dinheiro. Servir ao dinheiro é fazer do
dinheiro, fundamento da nossa vida. É colocar o dinheiro no lugar de Deus. E quantas
pessoas fazem do dinheiro, fundamento da vida. Pensam que o dinheiro compra
felicidade, amigos, compra amor. O dinheiro não compra felicidade. Quantas pessoas
riquíssimas que são infelizes. E quantos pobres, que trabalham para manter
dignamente sua família e são felizes. O dinheiro não compra amigos, compra
bajuladores. Dinheiro não compra amor. Amor não se vende. Amor não tem preço. Então
nós não podemos servir a Deus e ao dinheiro. Não podeis fazer do dinheiro o
fundamento da vida. Colocar o dinheiro no lugar de Deus. Viver em função do
dinheiro.
Então qual é a atitude que nós
devemos assumir com relação ao dinheiro? Em primeiro lugar, conforme nos mostra
o evangelho, ganhar honestamente o seu dinheiro. O empregado de que fala o
evangelho, ganhava dinheiro, mas de modo desonesto, agindo contra o seu patrão.
Não era um bom administrador. Procurou ganhar amigos, para quando estivesse
desempregado, prejudicando o seu patrão. Chamou os devedores: “Você, quanto
deve ao meu patrão? – Devo 100 barris de óleo.
-Senta aqui depressa e escreve 50. Desonesto! Chamou outro e perguntou a
mesma coisa. – 100 medidas de trigo. -Senta depressa e escreve 50.
Ganhava para administrar os bens
do patrão. Prejudicou o patrão para fazer amigos. Isso é ser desonesto.
Na primeira leitura dessa missa o
grande profeta Amós, no antigo testamento denuncia o crime daqueles que
falsificam as balanças. Peso falso. E vende produtos já estragados por alto
preço. Tudo isso é ofensa a Deus.
Então, qual é a nossa atitude
diante do dinheiro? Procurar ganhar honestamente e usar o dinheiro para manter
dignamente a nossa família na existência. Mais ainda diz Cristo: Usar o
dinheiro para realizar boas obras para os pobres. Quem usa o dinheiro para
realizar boas obras para com os pobres, diz Cristo: está fazendo amigos não
para essa vida, mas para a eternidade. Quem pratica boas obras será acolhido
pelos pobres quando chegarem ao céu. Vejam que bela promessa Cristo fez. São
Vicente de Paulo, foi justamente aquele que usou o dinheiro que as pessoas lhe
davam para realizar boas obras. Não para ele, mas para os outros. Ele foi um
bom administrador do dinheiro que vinha às suas mãos para fazer boas obras para
com os pobres. Para granjear amigos para a eternidade como diz Cristo. Vamos pois,
prezados irmãos e irmãs, gravar profundamente em nossos corações esses dois
ensinamentos importantes da palavra de Deus. Deus quer que todos os seres
humanos cheguem à salvação. E o segundo ensinamento, usar o dinheiro para
realizar boas obras e ganhar amigos para a vida eterna. Amém.
Transcrição da Homilia de Dom Benedito Beni dos Santos, Bispo Diocesano de Lorena
Na missa da Festa de São Vicente de Paulo
Por Ana Maria R Santos
22/09/2013
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