quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Terças missionárias Igreja em saída. Paróquia em missão.

Caríssimos, o título do Capítulo IV da Exortação Apostólica Amoris Laetitia (Sobre o amor na família), “O amor no matrimônio”, nos traz que a graça do Sacramento do Matrimônio destina-se, antes de tudo, “a aperfeiçoar o amor dos cônjuges”. Por outro lado, Papa Francisco traz à tona o fato da palavra “amor” aparecer muitas vezes de forma desfigurada. O hino à caridade, escrito por São Paulo (1Cor 13, 4-7), vemos as características do amor verdadeiro:
§  Paciência: uma pessoa mostra-se paciente, quando não se deixa levar pelos impulsos interiores e evita agredir. A paciência de Deus é exercício da misericórdia de Deus para com o pecador e manifesta o verdadeiro poder. Ter paciência não é deixar-se agredir ou maltratar-se, mas não exigir que as pessoas sejam perfeitas ou que se cumpra unicamente a nossa vontade. O amor possui sempre um sentido de profunda compaixão, que leva a aceitar o outro como parte deste mundo, mesmo quando age de modo diferente do que eu desejaria.
§  Atitude de serviço: o amor beneficia e promove os outros e Paulo insiste que o amor não é apenas um sentimento. Santo Inácio de Loyola, “o amor deve ser colocado mais nas obras do que nas palavras”.
§  Curando a inveja: no amor não há lugar para sentir desgosto pelo bem do outro (cf. At 7, 9; 17, 5). Enquanto o amor nos faz sair de nós mesmos, a inveja leva a centrar-nos em nós próprios. O verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça.
§  Sem ser arrogante nem se orgulhar: quem ama não só evita falar muito de si mesmo, mas, porque está centrado nos outros, sabe manter-se no seu lugar sem pretender estar no centro. O que nos faz grandes é o amor que compreende, cuida, integra, está atento aos fracos. É importante que os cristãos vivam isto no seu modo de tratar os familiares pouco formados na fé, frágeis ou firmes nas suas convicções. A atitude de humildade aparece aqui como algo que faz parte do amor, porque, para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e cultivar a humildade. Na vida familiar, não pode reinar o domínio de uns sobre os outros, nem a competição.
§  Amabilidade: amar é tornar-se amável, significando que os modos do amor, seus gestos, suas palavras, são agradáveis e não gosta de fazer o outro sofrer. Ser amável é uma das exigências do amor. Para se ter um verdadeiro encontro com o próximo é necessário um olhar amável sobre ele. O amor amável gera vínculos. A pessoa que ama é capaz de dizer palavras de incentivo, que reconfortam, fortalecem, consolam e estimulam.
§  Desprendimento: para amar os outros é preciso amar primeiro a si mesmo. Mas para que o amor não busque o seu próprio interesse, deve-se evitar dar prioridade ao amor a si mesmo, como se fosse mais nobre do que o dom de si aos outros. Deve-se amar sem esperar nada em troca.
§  Sem violência interior: trata-se de uma irritação que nos põe em situação de defesa. Alimentar essa agressividade serve apenas para nos adoentar, acabando por nos isolar. Para se restabelecer a harmonia familiar basta um pequeno gesto, um carinho.
§  Perdão: se permitirmos a entrada de um mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se aninha no coração. O contrário disto é o perdão, fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza do outro. Mas não é isto que estamos vendo nos matrimônios: qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e a estabilidade familiar. Perdoar realmente não é fácil. Exige uma generosa disponibilidade à compreensão, à tolerância, à reconciliação. Para se poder perdoar, precisamos passar pela experiência libertadora de nos compreendermos e perdoarmos a nós mesmos.
§  Alegrar-se com os outros: alegra-se com o bem do outro quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras. Isto é impossível quando a esposa ou o esposo sente necessidade de se comparar ou de competir com o cônjuge. Quando uma pessoa que ama pode fazer algo de bom pelo outro, ou quando vê que a vida do outro está indo bem, vive isso com alegria. A família deve ser sempre o lugar em que uma pessoa que conquista algo de bom na vida, sabe que vão com ela se alegrar.
§  Tudo desculpa: “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”, nos diz o hino à caridade. A Palavra de Deus se mostra dura com a língua, porque com ela expressamos desafetos e dissabores. O amor faz o contrário, ele defende a imagem dos outros com muita delicadeza. Os esposos que se amam falam bem um do outro e procuram mostrar o lado bom do cônjuge, apesar das suas fraquezas. Todos temos em nós uma complexa combinação de luzes e sombras. Não podemos exigir que o amor seja perfeito para apreciá-lo: ama-se como é e como pode, com os seus limites, não significando que o amor não seja real, mas é limitado e terreno. O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado.
§  Confia: o amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar. Esta liberdade consente que a relação se enriqueça e os cônjuges, ao se encontrarem, podem viver a alegria de partilhar o que receberam e aprenderam fora do circuito familiar. Ao mesmo tempo torna possível a sinceridade e a transparência, porque a pessoa, quando sabe que o outro confia nela, mostra-se como é, sem dissimulações.
§  Espera: indica a esperança de quem sabe que o outro pode mudar, espera um amadurecimento. Inclui também a esperança na vida além da morte.
§  Tudo suporta: não significa tolerar aquilo que é errado, que incomoda, mas de ser capaz de superar qualquer desafio. Na vida familiar é preciso cultivar esta força do amor, que permite lutar contra o mal que a ameaça.

Na próxima terça, abordaremos mais sobre este capítulo, devido a sua riqueza de conteúdo e extensão.

Deus ilumine o amor no matrimônio, base para uma família feliz, em cujos membros existe o testemunho vivo do amor, do perdão, da confiança e da amabilidade, apesar das lutas do dia a dia. 

Tatiane Bittencourt
COMIPA


(Hj excepcionalmente, na quarta-feira)

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