O amor
sempre dá vida. A família é o âmbito não só da geração, mas também do
acolhimento da vida que chega como um presente de Deus. Cada nova vida
“permite-nos descobrir a dimensão mais gratuita do amor, que nunca cessa de nos
surpreender. É a beleza de ser amado primeiro: os filhos são amados antes de
chegar”. A mãe colabora com Deus, para que se verifique o milagre de uma nova
vida. A cada mulher grávida, quero pedir afetuosamente: cuide da tua alegria,
que nada te tire a alegria interior da maternidade. Tua criança merece tua
alegria. Não permitas que os medos, preocupações, comentários alheios ou
problemas apaguem esta felicidade, de ser instrumento de Deus para trazer ao
mundo essa vida. Recém-nascidas, as crianças começam a receber em dom,
juntamente com o alimento e os cuidados, a confirmação das qualidades
espirituais do amor. Os gestos de amor passam através do dom do seu nome
pessoal, da partilha da linguagem, das intenções dos olhares, das iluminações
do sorriso. O sentimento de ser órfãos, que hoje experimentam muitas crianças e
jovens, é mais profundo do que pensamos. Hoje reconhecemos como plenamente
legítimo, e até desejável que as mulheres queiram trabalhar, desenvolver as
suas capacidades e ter objetivos pessoais. Mas ao mesmo tempo não podemos
ignorar a necessidade que as crianças têm da presença materna, especialmente
nos primeiros meses de vida. A mãe que ampara o filho com a sua ternura e
compaixão, ajuda a despertar nele a confiança, que o mundo é um lugar bom que o
acolhe, e isto permite desenvolver uma autoestima que favorece a capacidade de
intimidade e a empatia. Por sua vez, a figura do pai ajuda a perceber os
limites da realidade, caracterizando-se mais pela orientação, pela saída para o
mundo mais amplo e rico de desafios, pelo convite a esforçar-se e a lutar. Deus
coloca o pai na família, para que, com as características preciosas de sua
personalidade, “esteja próximo da esposa para compartilhar tudo, alegrias e
dores, dificuldades e esperança. E esteja próximo dos filhos no seu crescimento”.
Aos
que não podem ter filhos, lembramos que “o matrimônio não foi instituído só em
ordem à procriação... e por isso, mesmo que faltem os filhos, tantas vezes
ardentemente desejados, o matrimônio conserva o seu valor e indissolubilidade,
como comunidade e comum hão de toda a vida”. A adoção é um caminho para
realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa, e desejo
encorajar os que não podem ter filhos a alargar e abrir o seu amor conjugal
para receber quem está privado de um ambiente familiar adequado. Os que assumem
o desafio de adotar e acolher uma pessoa de maneira incondicional e gratuita,
tornam-se mediação do amor de Deus que diz: “Ainda que tua mãe chegasse a
esquecer-te, Eu nunca te esqueceria”. Is. 49,15.
Um
casal de esposos, que experimenta a força do amor, sabe que este amor é chamado
a sarar as feridas dos abandonados, estabelecer a cultura do encontro, lutar
pela justiça. Com o testemunho e também com a palavra, as famílias falam de
Jesus aos outros, transmitem a fé, despertam o desejo de Deus e mostram a
beleza do Evangelho e o estilo de vida que nos propõe.
O
núcleo familiar restrito não deveria isolar-se da família alargada, onde estão
os pais, os tios, os primos e até os vizinhos. Nesta família ampla, pode haver
pessoas necessitadas de ajuda, ou pelo menos de companhia, gestos de carinho,
ou pode haver grandes sofrimentos que precisam de conforto.
Quanto
aos idosos – “Não me rejeiteis no tempo da velhice, não me abandonem quando
diminuírem minhas forças” Sl 70/70,9 É o brado do idoso, que teme o
esquecimento e o desprezo. São João Paulo II convidou-nos a prestar atenção ao
lugar do idoso na família, porque há culturas que, especialmente depois de um
desenvolvimento industrial e urbanístico desordenado, forçaram e continuam a
forçar, os idosos a situações inaceitáveis de marginalização.
Um
coração grande – além do círculo pequeno formado pelos cônjuges e seus filhos,
temos a família alargada que não pode ser ignorada. Aí se integram também os
amigos e as famílias amigas, e mesmo as comunidades de famílias que se apoiam
mutuamente nas suas dificuldades, no seu compromisso social e na fé. Esta
família alargada deveria acolher, com tanto amor, as mães solteiras, as
crianças sem pais, as mulheres abandonadas que devem continuar a educação de
seus filhos, as pessoas eficientes, os jovens que lutam contra a dependência,
as pessoas solteiras, separadas ou viúvas, idosos, doentes.
Tatiane Bittencourt
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