O tempo comum se abre com o Evangelho de João, mas ao longo
deste Ano C, será marcado pelo Evangelho de Lucas. A transformação de água em
vinho nas bodas de Caná, relatada no capitulo 2 de João, é o primeiro dos sete
sinais apresentados pelo evangelista e uma das mais belas páginas que os
primeiros cristão nos deixaram. João não fala de milagres, mas de sinais que
apontam para o Mestre e revelam sua força salvadora. Nessa festa de casamento,
Jesus revela sua glória e se apresenta como o esposo da comunidade.
O nome Caná deriva de uma palavra hebraica que significa “comprar”.
O povo de Israel tinha consciência de ser o povo que Deus “comprou” no Sinai,
quando fez com ele aliança. A comunidade joanina talvez tivesse isso em mente
ao falar de Jesus em uma festa de casamento em Caná.
Os símbolos da água, do vinho e das talhas de pedra são
significativos para a torá, palavra de Deus dada no Sinai. Ambos, água e vinho,
são símbolos da palavra de Deus: a água desce do céu, lava, purifica, fecunda a
terra, faz germinar a semente; o vinho é fonte de alegria, bálsamo que cura a
tristeza e a transforma em alegria e otimismo. As “talhas de pedra” lembram as “tábuas
de pedra” onde foram gravadas as leis (torá); estas podem se tornar “vazias”,
sem sentido, se forem colocadas acima da pessoa. O noivo é Jesus. A noiva não
aparece; ela vai “se formando” pelas pessoas que vão aderindo ao projeto de
Jesus. A comunidade, portanto, é a esposa que “casa com Jesus”.
Festa de casamento é festa humana por excelência, o melhor símbolo
do amor entre Deus e a humanidade e das pessoas entre si. Toda festa motiva à
alegria. Assim deveria ser a vida dos casais e de todos os cristãos. Vida vivida
em plenitude e com otimismo.
Apesar das dificuldades, sempre precisamos beber o vinho da
alegria, da esperança e do otimismo. Nossa vida cristã é chamada a se pautar
pelo otimismo, transmitindo sempre mais vida, contagiando os outros com nosso
jeito esperançoso de viver. Nunca deixemos de fazer o que o Mestre nos pede. Então,
com certeza, nossa vida terá outro sabor.
Pe Nilo Luza, ssp
TEXTO EXTRAÍDO DO FOLHETO "O DOMINGO"
DE 17/01/2016
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