13. ECOLOGIA E MISSÃO
Para defender a natureza, a ecologia cultural pede mais que o cuidado com o ambiente e a justiça social. A queda do socialismo evidenciou a suspeita de que a simples transformação de estruturas sociais não implica necessariamente mudança profunda das pessoas e da cultura. Ao cair um regime que se declarou, durante mais de 70 anos, imbuído de espírito social, vimos os comunistas sair correndo aos shoppings em busca de bens de consumo individuais, tal como nos piores países capitalistas. Onde estava o homem novo, sonhado pelo socialismo? Não foi engendrado. Faltou a conversão profunda do coração humano e da cultura circundante.
Torna-lo passo difícil para a ecologia chegar fundo até a mente das pessoas pela via da cultura. A ideologia secular, ao desconhecer as molas escondidas do coração humano, tocado pelo pecado, julga-lo simplesmente condicionado pelas estruturas sociais. Ao muda-las, pensa-se que automaticamente se transforma o interior do ser humano. Leda ilusão. Há mais no ser humano. A teologia conhece o pecado original. Embora o termo soe arcaico e seja mal-entendido, essa verdade desvenda a vontade de dominação, de violência, de conquista individual do ser humano. Existem dentro dele mecanismos de autocentração que o fazem esquecer o bem dos outros, da geração futura, da humanidade.
Ele ordena tudo para si mesmo. Não conhece a lei da solidariedade humana e muito menos cósmica. A ecologia cultural pretende conduzi-lo a pensar-se como um habitante do grande mundo. Mais: como aquele que chega à festa da vida na última hora e necessita respeitar os parceiros de tanta alegria e não lhes aguar a felicidade de existir.
J. B. Libanio, sj
TEXTO PUBLICADO NO FOLHETO “O DOMINGO”
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